“Cada pessoa é um abismo. Dá vertigem olhar dentro delas”. Sigmund Freud
O presente artigo tem por objetivo discorrer sobre o Transtorno de Personalidade Histriônica. Citaremos outros transtornos que estão no mesmo grupo, portanto, enfocaremos o TPH.
Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) é definido pela Associação Americana de Psiquiatria como um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento inapropriadamente sedutor, normalmente é desencadeado a partir do início da idade adulta. Podem ser também inapropriadamente provocativos sexualmente, expressarem emoções de uma forma impressionável e facilmente influenciadas por outros. O TPH é uma desordem de personalidade – incluída no grupo B “dramáticos, imprevisíveis ou irregulares”. Ou seja, dos transtornos classificados no grupo B estão: Borderline, Histriônica, Antissocial e Narcisista. Entre as principais características relacionadas estão egocentrismo, desorganização egoíca, autoindulgência, anseio contínuo por admiração, comportamento persistente, manipulativos, necessidades para suprir suas próprias dramatizações exageradas, sedutoras, flertadoras, alternando seus estados entre entusiástico e pessimista, com tendência a controlar pessoas e circunstâncias para conseguirem o que querem – manipuladores. [1] É um distúrbio de personalidade que pode ocorrer concomitante ao Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline) e, por isso, compartilham várias características em comum. Entretanto, histriônicos têm probabilidade maior em adquirir depressão em relação à maioria das pessoas. Vale ressaltar que embora o histriônico e o borderline tenham traços similares esses são transtornos diferentes. Uma das divergências entre borderline e histriônico: o Transtorno de Personalidade Borderline (Limítrofe) tende a automutilação – uma agressão contra si mesmo – o que, não ocorre no Transtorno de Personalidade Histriônica.
DOS TRAÇOS MARCANTES:
O indivíduo com transtorno histriônico tem como traço básico da personalidade uma desadaptação às possibilidades existenciais normais, reagindo com exagero, com teatralização para o outro e para si. As vivências do TPH são sempre teatrais.
Dessa forma, o TPH tem grande imaturidade emocional. Esses indivíduos crescem fisicamente, mas por algum motivo, deixam de crescer emocionalmente e se estacionam nessa imaturidade, como se emocionalmente fossem eternas crianças. Contudo, diferente da imaturidade emocional causada por uma “superproteção” que pode ser revertida, nos transtornos de personalidade, onde essa característica imatura está presente (histriônica, borderline, narcisista e antissocial), é muito difícil de ser amadurecida, exatamente porque os traços e modo de viver desses indivíduos são muito inflexíveis e desajustados, causando evidentes prejuízos e caracterizando, assim, um distúrbio de personalidade. Indivíduos dessa natureza podem chegar aos 15, 20, 30 anos, e, mesmo assim, continuam imaturos afetivamente. A idade emocional não é proporcional a idade cronológica
As características mais evidentes de imaturidade emocional encontrada em histriônicos podem ser a impaciência, imediatismo, inconstância, instabilidade emocional, atitudes infantis, impulsividade, baixa tolerância à rotina e monotonia. Assim, deixam-se levar facilmente pelas emoções: intuição, vaidade, ciúmes, necessidade constante de atenção, bem como hedonismo, intolerância às frustrações, decepções, devaneios românticos, relacionamentos superficiais – hipersensíveis, sentem-se facilmente feridos emocionalmente, com tendência a acreditar que todos querem o seu mal. Necessitam de atenção e são indivíduos com emoções à flor da pele, frequentemente, desencadeado por coisas de pouca relevância.
DOS RELACIONAMENTOS:
Nos relacionamentos são mais dramáticos, há mais ciúme, mais inveja, mais mágoa, mais atração, mais sedução. Seus sintomas são mais exuberantes, suas queixas mais contundentes, sua sensibilidade mais exaltada.
O perfil histriônico é teatral e construído para se relacionar com a vida, não é conscientemente determinado, embora tenha certa intencionalidade. Quando o histriônico questiona sobre a origem de seus sintomas perguntando: “Você acha que eu quero estar doente?” Pois, vale lembrar que as atitudes histriônicas são involuntárias e intencionais, ou seja, a pessoa não opta para agir e sentir a vida histrionicamente, isso vem de sua personalidade, no entanto, pode haver um propósito e/ou objetivo inconsciente para sua teatralidade.
DA MATERNIDADE:
Se for mãe, normalmente, tende a ser negligente e impaciente com os filhos. Costuma ser competitiva, especialmente com a filha mulher e até tentando se vestir de forma jovial (não que seja uma regra). Com alguma frequência tem uma relação conturbada com os filhos por não ter um senso de praticidade ou moralidade estável.
DA SEXUALIDADE HISTRIÔNICA:
Sexualmente, a personalidade histriônica determina um comportamento sedutor, provocante, com tendência a erotizar mesmo nas relações não sexuais do dia-a-dia. As fantasias sexuais com aqueles pelas quais estão envolvidos são comuns e, embora seja volúvel, o arremate final do jogo sexual costuma não ser satisfatório. Essa característica de desempenho sexual problemático faz com que indivíduos histriônicos sejam considerados pseudo-hiper-sexualizados.
Ainda com relação ao comportamento: pode-se descrever o indivíduo histriônico com tendências para ludibriar o outro. O transtorno histriônico de personalidade é caracterizado por um comportamento fantasioso, colorido, dramático, extrovertido e sempre exuberante. Como já mencionado acima está classificado no 2º. grupo dos transtornos de personalidade, onde estão os casos que apresentam comportamento com tendência à dramaticidade, apelação e emoções que se expressam intensamente. Tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem não ser o centro das atenções, quando não recebem elogios e aprovações. Por outro lado, frequentemente são indivíduos animados e dramáticos, tendem a chamar as atenções e podem de início, devido ao seu entusiasmo, encantar aqueles que os conhecem superficialmente. Personalidade Histriônica é sinônimo de Personalidade Histérica e para tanto, o TPH busca atrair os holofotes, necessitando representar sempre um papel interessante, mesmo que isso custe o mal estar de outras pessoas, mesmo que essas pessoas sejam entes queridos. Quando não chama atenção pela doença, o faz através do papel de mártir, de sofredor. A representação teatral como vítimas, menosprezadas, inocentes, enfim, esse papel de “o grande sofredor desinteressado” tem o nome de messianismo.
DA APARÊNCIA FÍSICA:
Preocupados excessivamente com a estética; são vaidosos extremos, geralmente exibem aparência diferente, extravagante, gastam muito tempo e dinheiro com produtos de beleza, bem como maquiagem, acessórios, roupas dentre outros. Podem exibir uma aparência ou comportamento provocante, se vestir de maneira inapropriada, usar roupas ousadas para o trabalho. Obcecado pela beleza e perfeição física, tornando-se fúteis.
DAS REDES SOCIAIS:
O comportamento histriônico nas redes sociais é apelativo e bem visível. Exemplos são vastos: mulheres que postam com frequência suas roupas novas, sapatos, bolsas, jóias, unhas, etc. (Muitas vezes se comparando com pessoas públicas, uma vez que as redes sociais dão as pessoas essa notoriedade). Geralmente, são extremamente exigentes com o corpo. Necessidade excessiva em mostrar-se feliz e perfeita. Mas isso não acontece somente com as mulheres, haja vista a quantidade de homens com os mesmos sintomas, inclusive expondo seus corpos sarados.
CONCLUSÃO:
O marco TPH é tentar controlar o outro através da manipulação emocional e/ou sedução. Por serem extremamente ciumentos, após algum tempo de convivência, o histriônico tende afastar os amigos com as exigências constantes. Todavia, o tratamento para o Transtorno de Personalidade Histriônica deve ser acompanhado com psiquiatra aliado a psicoterapia.
Autora, Luzziane Soprani
REFERÊNCIAS:
KAPLAN, HI, SADOCK, BJ & GREBB, JA – Compêndio de Psiquiatria: Ciências Comportamentais e Psiquiatria Clínica. 6 a ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
Personalidade Histriônica – Almeida, Maria – com nome literário de Ferry, Mariah
Sedutor e superficial – Transtorno de personalidade histriônica – Mattos, Frederico
Maria Vitória
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Raissa
Fiz uma sessão de terapia lendo o artigo…Rsrs. A bem da verdade faço terapia, e o que me levou para o divã foi uma histriônica com quem vivo desde que vim ao mundo. Minha mãe foi uma mulher muito bonita, ganhou vários concursos de beleza. Viveu para os holofotes por toda sua juventude e vive até hoje. O meu pai um homem rico, se casou com a mulher mais cobiçada da época. Casal perfeito! Uniram-se, a fome e a vontade de comer. Mas infelizmente, a minha mãe não conseguiu acompanhar o passar dos anos, e continua no tempo de miss. Sofri com o comportamento da minha mãe durante toda a minha adolescência, não entendia a sua síndrome de Barbie, ainda mais quando eu estava me tornando uma mulher e ela queria que eu continuasse uma menina, a sua Barbie mini, foi aí que me encontrei com o divã, ??? e cá estou eu muito mais sóbria, principalmente entendendo melhor essa histriônica que não conseguiu acompanhar o passar dos anos, não soube envelhecer. Na terapia entendi que eu precisava me reportar a vida, que não podia me sentir vítima da vida, pelo contrário, com tudo que vivi com minha mãe, eu não podia repetir o modelo. Graças a Deus e ao divã, estou amadurecendo a meu tempo. Parabéns, a autora pela didática explanação desse assunto.
R. Mallann
Excelência em informação o artigo que se refere ao transtorno de personalidade histriônica. Não é fácil conviver com uma dessas, mas, o que fazer quando você ama, uma histriônica? Procurei um psicanalista, que é também psiquiatra para em primeiro lugar eu entender a mim mesmo. Ela é o amor da minha vida! Consegui conscientiza-la de que ela precisava de um tratamento. Em nenhum momento a desmereci ou pensei em rejeita-la. Fazemos terapia de casal e individual também. Nós estamos crescendo juntos na terapia, e continuamos caminhando, cada dia um passo.
Vivi
Fui diagnosticada como narcisista histriônica, ainda não sei bem o que é isso mas me identifiquei com quase tudo o que foi postado. Não faço essas coisas conscientemente, mas acredito que busco por “recompensas”. Enfim, aos poucos vou me conhecendo melhor. Obrigada pelo artigo.