“Todo tratamento psicanalítico é uma tentativa para libertar o amor recalcado”. Sigmund Freud.

INTRODUÇÃO:

Com tantas mudanças no campo das relações sentimentais, podemos prognosticar que amar requer trocas de reciprocidade e harmonia. Quando só um dos parceiros demonstra seu interesse para manter viva a chama do desejo, o próprio tempo faz com que a parte mais esforçada se desencante. Logo, se tornará um capítulo ultrapassado da vida, páginas amareladas de um livro, de um tempo distante.

REALIDADE É FICÇÃO:

Independente dos rumos que a vida tenha tomado, a realidade com a qual tratamos as nossas questões sentimentais, como cada um sente, interpreta e vivencia, é antes traçada de acordo com a nossa própria subjetividade. Se para uns sofrer em uma relação amorosa não condiz com o seu script de vida, para outros, essa experiência é atemporal, ou seja, constante e instigante.

Longe de ser tema somente das grandes ficções, se desgastar em uma relação marcadamente infeliz são acontecimentos muito comuns. É o que talvez instigue as produções artísticas, pois a paixão tem estrutura de ficção, é uma construção da fantasia e, portanto, atemporal.

Mas o importante para que o encontro entre duas pessoas dê certo, é o investimento de ambas as partes na relação. Vejamos está analogia: em uma gangorra de um parque de diversões, se o peso é maior para um lado do que para o outro, o desenrolar dos acontecimentos trava. Correndo o risco de perder o equilíbrio e, também, a harmonia.

DOMINADOR E DOMINADO:

Embora não seja incomum que um dos parceiros tome para si as rédeas do relacionamento, deixando o outro numa posição submissa – isso é mais frequente e atual do que possamos imaginar. Só que uma relação de amor não pode se basear no jogo dominador-dominado, pois ela precisa ter harmonia, com poderes, direitos, deveres e em quantidades equivalentes, nunca desiguais.

Mas existem as relações que se mantêm no registro da paixão – palavra que vem do latim passionis e significa passividade, sofrimento intenso e prolongado, afeto violento. São relações que não saíram do registro imaginário. A marca da ambivalência entre amor e ódio oscila como em um pêndulo.

Há pessoas que necessitam de instabilidade para se sentir vivo. O que é visível nesse sentimento de instabilidade, é o aprisionamento do outro. O que é buscado já está traçado em uma espécie de roteiro imaginário no qual o parceiro tem a obrigação de corresponder. É um jogo inconsciente em que, para um ficar em uma posição idealizada, precisa manter o outro, que também se mantém em uma posição de carência.

Como é possível que algo dessa natureza se sustente? A instabilidade de um mantém a fragilidade do outro. Como se a parte frágil da relação exprimisse: “Sofro para te fazer atraente” – é a posição do que sofre para, através do sofrimento manter a relação. No entanto, se o sofrimento acabasse a relação terminaria. Mas é o jogo da incerteza que mantém o interesse, o que caracteriza uma maneira destrutiva de se relacionar. O desejo de mudar e esperar pelo o outro, se torna uma devoção.

CONCLUSÃO:

A parte super-devotada pode chegar a conclusão, de que o aprisionamento dos seus sentimentos se esgotaram. O dominador tenta levar um relacionamento adiante achando que, o parceiro vai continuar a investir mais, por si mesmo, sem ter sido despertado para a importância que essa atitude tem para a relação, mas pode um dia acordar e ver que o parceiro já partiu há muito tempo, mesmo estando fisicamente lado a lado.
Portanto, viver o amor de forma saudável, significa não só criar um compromisso entre ambas as partes, mas também – e, sobretudo, consigo mesmo.

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