INTRODUÇÃO:

“Aristofanes nos conta que nossa antiga natureza não era tal como a conhecemos hoje e sim diversa. Os seres humanos encontravam-se divididos em três gêneros e não apenas dois – macho e fêmea – como agora. Havia um terceiro gênero que possuía ambas as características e que era dotado de uma terrível força e resistência e, além disso, de uma imensa ambição; tanto que começaram a conspirar contra os deuses. Zeus e as demais divindades viram-se então tendo que tomar providências para sanar tal insubordinação; tinham a alternativa de extinguir a espécie com um raio, como haviam feito com os gigantes, porém perderiam também as homenagens e os sacrifícios que lhes advinham dos humanos. Por outro lado permitir tal insolência por mais tempo era impensável. Resolveu-se então parti-los ao meio, desse modo não só se enfraqueceriam como também aumentariam de número. Assim foi que até hoje, divididos como estamos, que cada um infatigavelmente procura a sua outra metade”.

DA CARA METADA

“Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. Nós crescemos através de nós mesmos, se estivermos em boa companhia, é mais agradável. Mas o contentamento da vida vem de dentro. Se não formos felizes por si mesmos, jamais iremos fazer o outro feliz. Atraímos pessoas boas, quando estamos de bem conosco! 
Pessoas bem resolvidas sabem o que querem para si. E conseguem sentir e enxergar os corações das pessoas”.

DOS RELACIONAMENTOS INFELIZES X COMODISMO X DECISÕES

Desta primícia, é comum encontrar pessoas infelizes nos relacionamentos. E quando estão em um relacionamento ruim, não se separam por medo de estar sozinhas. Em outras palavras: quer dizer estar na companhia de si mesmas.

Alguém pode ter medo de se separar, porque imagina que será esquecido, abandonado, desprotegido. Indivíduos amedrontados por temer a solidão, não se veem como provedores do necessário para o próprio bem-estar.
Faltam-lhes disposição, impulsos e habilidades, para construir o que os faz feliz. Por esta razão é que confiam mais nos outros (“a cara metade”) do que em si mesmos.

Tudo indica que indivíduos assim, se acomodam esperando sempre que o outro faça o que acha ser correto, ou seja, são incapazes de tomar decisões, passando sempre o poder de decisões ao companheiro. Por isso, são indivíduos que passaram a maior parte da vida respondendo às expectativas do outro. Onde poderiam correr os riscos necessários para realizar os próprios desejos e pensamentos. Muito embora, esses indivíduos: pensam e falam em separ-se muitas vezes ao longo da sua rotina infeliz, mas não tomam uma atitude, porque temem a solidão como se temesse à morte. Eis que surge a pergunta: “Que tipo de companhia essa pessoa quer para si, que acaba por opção, compartilhando à vida com alguém que a faz infeliz?”

Geralmente, quando esses indivíduos acordam, o tempo útil da vida, já passou – e acabam tendo a sensação de ter vivido uma vida que nunca foi genuinamente sua. Desse modo, se torna uma pessoa ineficiente, e nesse lema, pode levar a sua metade a perder a admiração por si – tomando a decisão de dar um basta na relação fragmentada definitivamente. Muito embora, em relações desse nível um enfraquece o outro, mas como todo relacionamento baseado na dependência – quando esses casais estão juntos, se sentem seguros e encorajados para enfrentar os imprevistos da vida. Existe nessas relações um conluio inconsciente. Assim, entende-se o temor que alguns sentem em pensar em divórcio e/ou separação.

CONCLUSÃO

A saída é o autoconhecimento, é fortalecer-se, é procurar por ajuda para desenvolver a parte de si que ficou latente nas fases regressas. Só assim a vida a dois, deixará de ser obrigação e cobranças – feitas por si, e pelo o que os outros irão pensar. Porque a cobrança muitas vezes pelo convívio simbiótico com o parceiro leva o indivíduo à arrastar eternamente uma relação infeliz. Enfim, é preciso perder para sentir a turbulência de viver um vazio necessário – para que a vida compartilhada com quem se encontrar depois deixe de ser obrigação, para tornar-se uma escolha por prazer.

Autora: Luzziane Soprani