O estar apaixonado consiste num fluir da libido do ego em direção ao objeto. Tem o poder de remover as repressões e de reinstalar as perversões. Exalta o objeto sexual transformando-o num ideal sexual. Visto que com o tipo objetal (ou tipo de ligação), o estar apaixonado ocorre em virtude da realização das condições infantis para amar, podemos dizer que qualquer coisa que satisfaça essa condição é idealizada.  (Freud, Ibid., p. 107).

A separação amorosa desperta na maioria das vezes grande interesse e curiosidade, uma vez que, a maioria dos seres humanos já sofreu a dor de uma perda amorosa. Porém tal sofrimento repercute de maneira diferenciada na vida de cada indivíduo.

Andar a procura um do outro não é um percurso sem ciladas e descaminhos. O sofrimento pode estar sempre a penetrar e adentrar como um intruso. Acontece que há, entre os seres humanos, muito mais desejo e paixão impulsiva do que a ideia de certificar-se e conhecer a pessoa que despertou esses sentimentos. E o desconhecido, sabemos, é um perigo. Não é de se duvidar que as delícias afetivas muitas vezes até “compensam” os perigos e casuais dissabores a serem enfrentados com um estranho. Pois é, às vezes as desilusões são tantas que o coração fica exausto e sem esperanças, implorando por descanso! O fato é que, esta pode ser uma boa ideia. Dar um pouco de tempo para si mesmo, repensar sobre suas vivências, curtir a vida de forma livre, exercer a liberdade e a disponibilidade, é um bom caminho para curar uma desilusão. Além disso, conseguir ficar só durante algum tempo pode ser uma boa oportunidade tanto para à saúde quanto para a maturidade.

No entanto, existem, aqueles que acertam nas escolhas. Algumas pessoas têm uma incrível habilidade para alinhar amor e bom senso. Mas nem todos são tão bem-sucedidos. O amor é muitas vezes considerado, pelos seres humanos, como um dos caminhos a serem percorridos na busca pela felicidade, pois, é uma experiência na qual se pode obter a mais intensa experiência referente a uma transbordante sensação de prazer. Por outro lado, a tentativa de encontrar a felicidade através do amor é fracassada, uma vez que, justamente quando amamos é que nos achamos mais indefesos contra o sofrimento, e além do mais, quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor nos sentimos desesperadamente infelizes.

E até quando as relações dão certo, há armadilhas a enfrentar. Como somos todos volúveis de relações idealizadas de perfeição, as satisfações reais nunca parecerão completas. Essas fantasias de perfeição em nosso inconsciente estão na raiz da inconstância e da procura incessante pelo amor. E ainda há uma idealização de que o amor ideal não está só em nossa cabeça. Existe um marketing na era contemporânea vendida pela televisão, quanto pela internet e pela mídia. Todos esses canais contribuem para uma atitude “odiosa e agressiva” de insatisfação com os relacionamentos reais, mas vale lembrar, às vezes os relacionamentos são mesmo insustentáveis e é insensato tentar levar adiante. É como diz a música: Aquela Velha Canção, de Marisa Monte e Carlinhos Brown: “Confesso que fiquei magoado, eu fiquei zangado, mas agora passou, esqueci. Não vou te mandar para o inferno porque eu não quero. E porque fica muito longe daqui…”

Podemos concluir que, o tempo necessário a dar a si mesmo não pode significar um voo profundo na vulgaridade da “modernidade líquida” atual, uma viagem ao mundo dos “perdidos nas farras”. A boa pausa é para reflexão, não para à libertinagem. Quem realmente quer dar um descanso ao coração precisa deixar o passado para trás e, assim, não repetir sempre os mesmos sintomas. Depois de tantos tropeços e desencontros é tempo de aprender com as experiências e vivências nos relacionamentos, extraindo boas lições.