“Segundo Lacan, a família é um mal necessário uma vez que a condição humana é prematura; o homem nasce prematuro, incapaz de se desenvolver só, sem o outro. Portanto, ao mesmo tempo em que o sujeito surge de uma demanda da família, a família também existe enquanto demanda do sujeito, uma vez que é ele que a “alimenta” e a mantém viva”.
Vivemos em outros tempos? Não necessariamente. Na atual era contemporânea ou é permissividade demais, ou, violência em extremo. Entretanto, neste artigo será abordado a violência física e psíquica. Está cada vez mais constante ver-se pais que apresentam uma conduta muito agressiva com seus filhos. Verdadeiros “espetáculos” e desajustes emocionais acompanhadas por doses exageradas de gritarias e violências físicas e psíquicas, sem dimensão do mal que causam aos seus filhos.
Mas podemos perceber que o abuso psicológico é, às vezes, tanto ou mais prejudicial que o abuso físico, e, se qualifica, por rejeição, discriminação, humilhação, depreciação, desrespeito, chantagens emocionais e punições excessivas. Não é um abuso praticado, preponderantemente, só pelo sexo masculino como é o caso do abuso físico entre casais. Nesse caso, isso acontece em iguais proporções em ambos os sexos. E costuma ser uma forma repetitiva de teores vivenciados em muitas famílias. Trata-se de uma agressão que não, necessariamente, venha deixar marcas físicas evidentes – porém emocionalmente causa cicatrizes indeléveis por toda vida.
No entanto, nesses casos não se pode citar somente uma razão para defender e/ou acusar pais com perfis agressivo-violentos com suas crianças, haja vista todo o contexto de violência gerado na infância é levado à frente causando danos à vida do sujeito. Uma pessoa assim, ou seja, uma mãe, um pai e/ou cuidador com esses traços de personalidade – traz em seu histórico de vida, provavelmente, um depósito de frustrações que foi gerado na sua infância – desencadeando falta de controle, equilíbrio emocional, medos, impaciência, irritabilidade, ódio, raiva, etc., referenciando o ambiente de onde veio. Visto dessa maneira, há um quadro que podemos chamar de processo de repetição…
Mães e pais agressivos influenciam diretamente nos traços de personalidade da criança – que, um dia se tornará um adulto – sujeito esse que levará consigo, marcas profundas dessas mazelas causadas lá atrás – na primeira infância – trazendo para o sujeito um trauma – com grandes chances de nunca ser corrigido.
É certo que, inexiste um perfil ideal de pais -, mas nos dias atuais, comparando ao passado, existem muitos recursos, ou seja, profissionais que estão disponíveis com um bom aparato científico e experiências vividas em suas carreiras para ajudá-los a construir o verdadeiro laço entre pais e filhos – para ampara-los no processo de educação.
Buscar ajuda profissional poupará a vida da criança. A criança educada por pais com comportamentos perversos, hostis, agressivos e violentos: ficam com suas vidas estilhaçadas emocionalmente. Não há dúvida, que os pais são parte de maior relevância nesse processo de criar e educar – e dependendo da forma como o filho é educado, no futuro o sujeito poderá se tornar um adolescente, um adulto, com consequências e sequelas psíquicas – e os pais poderão se sentir incapazes de digerir essa culpa.
Mas se tirarmos a responsabilidade de cada um frente a educação dos seus filhos, às suas emoções estarão com o caminho aberto para a infelicidade geral da família. “Diria Vinícius: Filhos, talvez melhor seria não tê-los, como você pensou, mas ficar sem sabê-lo tira toda a graça, desgraça”. Vale ressaltar o óbvio: ninguém é obrigado a ter filhos, formar uma família e/ou se casar – caso não queira e/ou não sentir-se preparado para tal feito em sua vida. A sociedade, bem como as religiões, manipulam à vida psíquica dos indivíduos à formação de uma família, embora saibam que muitos indivíduos não nasceram para direcionar suas vidas pelos traçados sócio-econômico-religioso, tal qual demanda o formato de pessoas bem-sucedidas. Somos seres humanos, onde estamos em uma empreitada de erros e acertos, embora muitos males podem ser evitados. Filhos são para àqueles que realmente têm o dom da paternidade-maternidade. Só assim, alcançaremos um mundo mais sadio com menos violências, quiçá um dia conseguiremos banir guerras intermináveis. —————————————————————————————————————— Autora, SOPRANI Luzziane
katia antonio
Nossa Luzziane… tenho uma família no qual trabalhei com a criança… e o q vc descreve é exatamente o q avó materna fazia e continua fazendo com os filhos de 22 26 anos e um neto lindo de 2 anos… Seus artigos cada vez mais contribuem para o meu trabalho… Consigo entender alguns conflitos nas famílias, e principalmente as reações das crianças… Pq como vc sabe temos q ter magia p chegar ao ponto…! Mais uma vez Parabéns!
Pérola Catharina Tereza
Irretocável!
Quando lemos uma frase, um texto, um livro e um artigo como este, que conseguiu exemplificar de forma resumida a realidade da família, sociedade e a religião, eu fico pensando o quanto seria útil se a sociedade como um todo se reunissem em grupos, reuniões, palestras e , juntamente com à igreja e políticas públicas; trazendo este assunto a ser debatido para que pudéssemos cobrar menos o quesito: você tem que ser pai ou mãe!!! Construção de família não deve ser para qualquer um, pois muitos casais são pressionados e outros não têm condições psicológicas para formação de uma família. Enfim, seu artigo abre muitas perguntas é questionamentos.