“Não consigo realmente suportar Seres Humanos às vezes – sei que todos têm os problemas deles como eu tenho os meus – mas estou realmente cansada demais para isso. Tentar entender, fazer concessões, ver certas coisas isso simplesmente me esgota.” Marilyn Monroe.

O presente artigo é uma releitura de um artigo deste blog: “Marilyn Monroe a Diva Borderline”. Pretende revelar um pouco sobre a vida de Marilyn Monroe, um símbolo sexual que simbolizou o desejo de ser mulher – Marilyn é o simbólico-imaginário no desejo de Ser na maioria das mulheres e o desejo de Possuir na maioria dos homens. Inspira até hoje, boa parte das mulheres. Mas no interior daquela diva habitava uma fragilidade emocional e uma personalidade dependente.

E a razão pela qual a figura de Marilyn segue fascinando jovens e mulheres, além de ser objeto de desejo masculino, é para o escritor francês Michel Schneider, o fato de que “nela converge uma encruzilhada de vários mitos: a mulher de grande beleza, mas mal amada, a da celebridade com morte trágica e a da pessoa que chega ao sucesso apesar da infância tortuosa”.

A irreparável sensação de abandono provocada pela ausência de sua mãe desde os primeiros momentos de sua vida obrigaram Marilyn a querer existir pelo olhar dos outros, sua máxima ilusão era a de existir para alguém”.

DA COMITIVA

Ela possuía uma comitiva que a seguia e a tratava com carinho, satisfazendo seus caprichos e vontades. Dessa forma, era protegida de ser tocada em sua delicada/fina superfície psíquica. A estrela buscava e exigia o “olhar do outro”, para ter afirmação da sua existência enquanto uma celebridade. Diante da admiração e veneração do “outro” ela projetava-se e, assim, havia uma transferência dos seus sentimentos. O objeto de amor para Marilyn era aquele que autorizava a ocupar o lugar de estrela e reconhecimento pela sua carreira.

DO HUMOR

A diva apresentava um humor que oscilava. Em seus momentos de queda emocional, ela elege uma pessoa com quem estabelece um protagonismo psíquico, que se assemelha muito a relação analítica do Borderline (Transtorno de personalidade limítrofe).

DA MÁSCARA

Norma Jean Baker, a menina que sofria de constante abandono, inventou a máscara de Marilyn Monroe para conseguir ser amada – uma fantasia que se voltou contra ela mesma ao transformá-la em um ilusório objeto de desejo de fragilidade extrema e de virtudes ignoradas que não pôde fugir de um trágico final.

Dessa visão, em vários momentos da sua vida, Marilyn causava a impressão de que portava uma delicada e fina pele psíquica que a protegia do mundo, tal qual um uma criança. “Seus momentos de tensão faziam parecer que Marilyn iria desmanchar-se frente aos olhos de quem a observava.”

DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

“Todos nós conhecemos ou já ouvimos falar de pessoas com personalidades “intensas”, aquelas que sofrem demais, são muito ciumentas, têm explosões de raiva ou de desespero, descontrole emocional ou instabilidade de humor. (…) Assim são os borderlines – quando se trata de emoções fortes, eles parecem imbatíveis. Sempre marcam a vida das pessoas com quem convivem, especialmente se esta convivência for íntima. Ser um borderline ou viver com alguém com essas características é sempre difícil e exaustivo”.

“Transtorno de Personalidade Borderline é uma doença? Como se caracteriza o comportamento de uma pessoa com essa desordem? É mais do que uma doença, é um jeito disfuncional de ser. Uma maneira de lidar com a vida que traz um prejuízo significativo para uma pessoa. (…) Por fim, há uma instabilidade emocional, com mudanças de humor várias vezes ao dia, em função dos acontecimentos, especialmente àqueles relacionados à esfera dos relacionamentos. Quem tem transtorno borderline vai mudando de humor de acordo com as ações da pessoa que é o seu objeto afetivo. É diferente de alguém que tem, por exemplo, transtorno bipolar e alterna dois comportamentos opostos e bem marcados”.

Vale ressaltar que o Borderline não suporta críticas. Às vezes em uma amizade e/ou relacionamento a pessoa chama atenção do Border sobre um tipo de pensamento que o mesmo cria dentro do seu contexto e/ou forma de viver que, o borderline acredita está acontecendo em sua vida. Ou seja, tudo que o Border ouve e/ou pensa sobre si mesmo é intenso, sendo que por muito pouco os acontecimentos na vida do Borderline, provocam grandes emoções. Geralmente, sentem-se rejeitados e são totalmente dependentes. Como citado acima sobre Marilyn Monroe, em seus momentos de queda emocional, o borderline elege uma pessoa com quem estabelece um protagonismo psíquico.

Em suma, segundo estudiosos da saúde mental, a diva era Borderline, pois em alguns momentos circulava nos polos de seus humores instáveis, em outros caminhava limítrofe a flor da pele de sua fragilidade. Uma diva que em todo seu carisma e sedução era muito misteriosa. Talvez, por isso, a diva Marilyn Monroe era tão desejada como mulher – continuando assim, no simbólico e imaginário de todos nós. Uma personalidade envolvente que não se consome no tempo.

Autora, SOPRANI Luzziane

REFERÊNCIAS

Fragmentos – Poemas, Anotaçoes Intimas E Cartas De‬ MARILYN MONROE – Organização de Stanley Buchthal e Bernard Comment, Prefácio de Tabucchi, Antônio, Editora Tordsilhas‬
“Corações Descontrolados”  – SILVA, Ana Beatriz Barbosa, editora Fontanar, 266 páginas

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