“Perdoe-me os insensíveis. Eu SINTO muito.” Josie Conti

Neste artigo abordaremos a diferença entre a psicopatia estrutural e a psicopatia acidental. Portanto, focaremos na psicopatia acidental.

Todos nós sabemos que o sentimento é inerente à condição humana, mas, nem todos sentem, apesar de saberem. Os psicopatas sabem tudo, mas não sentem nada. Os psicopatas não têm o sistema límbico plugado-conectado no coração do cérebro. O sistema límbico é uma parte do cérebro onde estão nossas emoções. E é no sistema límbico, também, que está à amígdala. A amígdala é considerada o coração do cérebro. Portanto, os psicopatas são insensíveis as emoções.

Esses indivíduos não têm humanidade, pois são somente razão e emoção zero. Eles podem nascer com essa deformidade de estrutura, ou, por alguma eventualidade da vida, ter o sistema límbico lesionado. Por exemplo, um acidente pode lesionar partes do cérebro, sendo uma das partes o sistema límbico –  levando o indivíduo a não sentir mais NADA pelos seus semelhantes. Nesse caso esse indivíduo não nasceu psicopata, ou seja, ele pode ter sido um sujeito de bom caráter, mas após ter sofrido um acidente lesionar as emoções/sentimentos e permanecer com a razão intacta. A razão se mantém perfeita. Outro exemplo, maus tratos dos pais como abusos na infância: pancadas na cabeça, lesionando o cérebro, mais comumente, o sistema límbico.

CITAREMOS BASES BIOLÓGICAS DO FAMOSO CASO DE PHINEAS GAGE, QUE DESENCADEOU O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PSICOPÁTICA APÓS SOFRER UM VIOLENTO ACIDENTE:

Desde o famoso caso de Phineas Gage, lesões do lobo frontal têm sido associadas ao desenvolvimento de comportamento anti-social impulsivo. Este caso é ilustrativo a ponto de justificar uma breve descrição da sua apresentação clínica: Phineas Gage trabalhava na construção de estradas de ferro nos Estados Unidos, em meados do século XIX. Era descrito como equilibrado, meticuloso e persistente quanto aos seus objetivos, além de profissional responsável e habilidoso. Em um acidente nas explosões de rotina para abertura de túneis nas rochas da região, Phineas Gage foi atingido por uma barra de ferro que transpassou seu cérebro, entrando pela face esquerda, abaixo da órbita, e saindo pelo topo da cabeça. Surpreendentemente, Phineas Gage permaneceu consciente após o acidente, sobrevivendo às esperadas infecções no seu ferimento e dois meses após o acidente estava recuperado, sem déficits motores e com linguagem e memória preservadas. A sua personalidade, no entanto, havia se modificado completamente. Phineas Gage transformou-se em uma pessoa impaciente, com baixo limiar à frustração, desrespeitoso com as outras pessoas, incapaz de adequar-se às normas sociais e de planejar o futuro. Não conseguiu estabelecer vínculos afetivos e sociais duradouros novamente ou fixar-se em empregos (Damásio, 1994).

A partir do infortúnio de Phineas Gage, relatos de caso e estudos retrospectivos de veteranos de guerra vêm mostrando a associação entre lesões pré-frontais – mais especificamente lesões nas porções ventromediais do córtex frontal – e a observação clínica de comportamento impulsivo, agressividade, jocosidade e inadequação social (Brower e Price, 2001). “Sociopatia adquirida” é o termo que tem sido frequentemente utilizado para descrever a mudança de personalidade observada em decorrência de danos cerebrais em regiões pré-frontais. Esses dados levaram à sugestão de que um comprometimento do funcionamento do lobo frontal ventromedial poderia contribuir para problemas relacionados ao controle de impulso e personalidade anti-social (Damásio, 2000). A variedade de déficits neuropsicológicos descritos em anti-sociais (Morgan e Lilienfeld, 2000) estaria em consonância com esta hipótese.

DO DIAGNÓSTICO DE PSICOPATIA:

Para o fechamento de um diagnóstico de psicopatia demanda tempo, pois o médico especialista, geralmente, só pode fechar esse diagnóstico após a adolescência e/ou após os 18 anos de idade, que é o momento em que esses indivíduos já têm todos os traços da personalidade formada -, ou, no caso de acidentes na fase adulta, o diagnóstico ocorre após exames de ressonância e diagnóstico clínico. Porém, para fechar um diagnóstico não é simples.

DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE DOS PSICOPATAS:

Muitas das características da personalidade dos psicopatas poderiam ser explicadas por déficits emocionais. Por exemplo, estes revelam pouco afeto pelos outros, são incapazes de amar, não ficam nervosos facilmente e não mostram culpa ou vergonha quando abusam de outras pessoas. Assim, os cientistas têm feito hipóteses (desde há muito tempo) de que os psicopatas têm uma deficiência nas suas reações aos estímulos evocadores do medo e esta seria a causa da sua insensibilidade e também da sua incapacidade de aprender pela experiência.

Muitos testes psicrométricos foram criados para analisar o cérebro e determinar a capacidade mental dos indivíduos. Os testes de Q.I. ajudam os profissionais  avaliarem a inteligência do suspeito e o seu processo de pensamento, enquanto que os testes ajudam a descobrir os mistérios de sua personalidade. Estes examinadores ajudam os psiquiatras forenses a descobrirem as obsessões do indivíduo que pudessem influenciar no seu comportamento.

O mais famoso é o teste de Rorschach – pelo qual são analisadas as interpretações de uma pessoa de alguns desenhos abstratos. Um psiquiatra forense nunca se pode equivocar, pois um diagnóstico errado pode colocar em perigo o andamento de um julgamento.

Os psicopatas não mostram alteração nestes parâmetros quando são submetidos a estresse ou a imagens desagradáveis. Estas alterações também não aparecem quando os sujeitos são avisados, antecipadamente, por um flash de luz, quando vão receber um estímulo estressante (por exemplo, um desagradável sopro de ar nas suas faces). Esta é a razão porque os psicopatas mentem tão bem e porque não são detectados (não registra) à mentira pelos equipamentos de detecção de mentiras (polígrafos).

Segue abaixo ilustração do sistema límbico, onde estão as principais partes das emoções. Nos psicopatas, o sistema límbico não funciona como deveria, pois estes são desprovidos de emoções.

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Isto não significa que os psicopatas não entendam das emoções – eles entendem. Significa, que tudo que fazem são ações pensadas, planejadas, arquitetadas, em benefício próprio. Na relação com outros indivíduos, os psicopatas não sentem remorso, não sentem empatia, não sentem afeto nenhum! O psicopata sente um prazer enorme por assim dizer, em explorar e ver o sofrimento que ele causa no outro.

SÍNDROME DO NARCISISMO, ENCANTO SUPERFICIAL E MANIPULAÇÃO:

A conduta anti-social tem origem no “Narcisismo Maligno”. Os psicopatas, como já dito são incapazes em estabelecer relações que não sejam exploradoras. Não necessariamente todos os psicopatas são encantadores, sedutores, narcisistas, mas é expressiva a quantidade deles que utilizam o encanto pessoal e, consequentemente, a capacidade de manipular os outros. Através do encanto superficial o psicopata acaba usando os outros, “os seres humanos normais” como seu objeto – ele usa as pessoas, quando não o servem mais, descarta-as, tal como um objeto e/ou uma roupa usada. Pode ser esse processo de ver o outro como objeto que lhe serve para aquele momento, a chave para compreendermos a absoluta falta de sentimentos do psicopata para com seus semelhantes -, ou para com os sentimentos daqueles que são seus semelhantes somente na forma, mas nunca nos atos de indiferença. Transformando seu semelhante em objeto que ele usa e descarta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Concluímos este artigo de forma concisa. Portanto, a chave do assunto em questão é expôr para os leitores de forma clara e objetiva a existência dos diferentes casos de psicopatia: aquele que nasce com ausência de sentimentos e emoções que é estrutural e aquele que se torna psicopata devido uma causalidade da vida. Sabe-se que, para a psicopatia não existe cura. Esperamos que em um futuro próximo, neurocientistas encontrem um meio que “cure essa anomalia cerebral”. Mas, fiquemos atentos, pois os psicopatas não são considerados doentes mentais, (“apesar de o serem”). Contudo, os psiquiatras e cientistas consideram a razão deles perfeita. Por isso, indivíduos com essas características são sempre perigosos, porque, a razão deles funciona muito bem. Tramam tudo e executam com requintes de detalhes e crueldade. Esvaziados de emoções, são capazes de passar por cima de tudo e de todos para satisfazer seus objetivos.

REFERÊNCIAS:

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. P. 151-152.
Entrevista com António Damásio e o caso de Phineas Cage – livro de psicologia 12º ano, Tema I