Neste artigo, abordaremos a personalidade e dissertaremos sobre alguns transtornos da personalidade. A Personalidade é definida pela totalidade dos traços emocionais e de comportamento de um indivíduo (caráter). Pode-se dizer que é a “maneira” de ser do indivíduo, o modo de sentir as emoções e/ou a “maneira”de agir. Há indivíduos de diferentes perfis, que se enquadram em diferentes estruturas.

NA PSICANÁLISE TRATAMOS DE TRÊS ESTRUTURAS:

Neurótico-Psicótico-Perverso.

Nos transtornos psíquicos citados abaixo encontraremos estas três estruturas. Mas não é o objetivo deste artigo classificar esses transtornos nas estruturas da personalidade e/ou elucidar quais são os transtornos psíquicos que se enquadram em cada estrutura. As estruturas dentro do conceito da psicanálise já foram abordadas em outros artigos deste blog. Portanto, iremos abordar os transtornos psíquicos mais frequentes.

DOS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE:

Um transtorno de personalidade surgi quando esses traços são muito inflexíveis e desasjustados prejudicando a adaptação do indivíduo às situações que enfrenta, causando ao indivíduo e, também, aos que lhe estão próximos, sofrimento. Geralmente, esses indivíduos são pouco motivados para tratamento, uma vez que os traços de personalidade, perturbam mais suas relações com outros – trazendo sofrimento àqueles que convivem com ele. Os sintomas, geralmente, surgem no início da idade adulta e permanecem por toda uma vida, se não tratados.

“Aproximadamente 9.6 milhões de adultos americanos foram diagnosticados com sérias doenças mentais, e um novo estudo indica que isso pode ter um impacto maior na expectativa de vida do que fumar cigarros, por um elevado risco de suicidio e outros comportamentos de alto risco. Um time de pesquisadores liderados por Seena Fazel, da Universidade de Oxford chegaram a esta conclusão seguindo uma meta-analise de mais de 400 trabalhos científicos. A sua análise completa foi publicada no World Psychiatry.”

ENUNCIAREMOS ALGUNS TIPOS DE TRANSTORNOS:

Transtorno de Personalidade Paranóide:
Indivíduos desconfiados, que se sentem enganados pelos outros, com dúvidas a respeito da lealdade dos outros, interpretando ações ou observações dos outros como ameaçadoras. São rancorosos e percebem ataques a seu caráter ou reputação, muitas vezes ciumentos e com desconfianças infundadas sobre a fidelidade dos seus parceiros e amigos.

Transtorno de Personalidade Esquizóide:
Indivíduos distanciados das relações sociais, que não desejam ou não gostam de relacionamentos íntimos, realizando atividades solitárias, de preferência. Pouco ou nenhum interesse em relações sexuais com outra pessoa, e pouco ou nenhum prazer em suas atividades. Não têm amigos íntimos ou confidentes, não se importam com elogios ou críticas, sendo frios emocionalmente e distantes.

Transtorno de Personalidade Borderline:
Indivíduos instáveis em suas emoções e muito impulsivos, com esforços incríveis para evitar abandono (até tentativas de suicídio). Têm rompantes de raiva inadequada. As pessoas a sua volta são consideradas ótimas, mas frente a recusas tornam-se más rapidamente, sendo desconsideradas as qualidades anteriormente valorizadas. Costumam apresentar uma hiper reatividade afetiva, em que as situações boas são ótimas ou excelentes, e as ruins ou desfavoráveis são bizarras ou catastróficas.

Transtorno de Personalidade Narcisista:
Indivíduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admiração e que desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando os outros em suas relações sociais, tornando-se arrogantes. Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de situações. Não se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam melhor.

Transtorno de Personalidade Anti-social:
Indivíduos que desrespeitam e violam os direitos dos outros, não se conformando com normas. Mentirosos, enganadores e impulsivos, sempre procurando obter vantagens sobre os outros. São irritados, irresponsáveis e com total ausência de remorsos, mesmo que digam que têm, mais uma vez tentando levar vantagens. Podem estabelecer relacionamentos afetivos superficiais, mas não são capazes de manter vínculos mais profundos e duradouros.

Transtorno de Personalidade Histriônica:
Indivíduos facilmente emocionáveis, sempre em busca de atenção, sentindo-se mal quando não são o centro das atenções. São sedutores, com mudanças rápidas das emoções. Tentam impressionar aos outros, fazendo uso de dramatizações, e tendem a interpretar os relacionamentos como mais íntimos do que realmente são.

Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva:
Indivíduos preocupados com organização, perfeccionismo e controle, sempre atento a detalhes, listas, regras, ordem e horários. Dedicação excessiva ao trabalho, dão pouca importância ao lazer. Pertinentes, não jogam nada fora e não conseguem deixar tarefas para outras pessoas.

Transtorno de Personalidade Esquiva:
Indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando atividades sociais ou relacionamentos com outros, reservados e preocupados com críticas e rejeição. Geralmente não se envolvem em novas atividades, vendo a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades.

Transtorno de Personalidade Dependente:
Indivíduos que têm necessidade de serem cuidados, submissos, sempre com medo de separações. Têm dificuldades para tomar decisões, necessitam que os outros assumam a responsabilidade de seus atos, não discordam, não iniciam projetos. Sentem-se muito mal quando sozinhos, evitando isso a todo custo.

CONCLUSÃO:

Indivíduos com problemas de saúde mental estão entre os mais vulneráveis na sociedade. Percebemos o quão crucial é que estes tenham acesso a atendimento médico e aconselhamento apropriado, o que nem sempre é o caso. Os transtornos psíquicos são tão ameaçadores à expectativa de vida quanto outros problemas de saude pública como é o caso das drogas e o álcool.
O tratamento desses transtornos baseia-se na Psicoterapia e Psicanálise. Algumas vezes deve-se também tratar outros transtornos que se desenvolvem juntamente com esses, o qual chamamos de comorbidades. Comorbidades é um conjunto de patologias. Por isso, quando o indivíduo entra na depressão, isso pode mascarar os significativos transtornos – que estão por detrás da depressão – e também estão ligados à ansiedade associados a esses transtornos. A procura pelo atendimento como já citado acima é comumente estimulada pelos familiares e/ou amigos que sofrem muito mais pelo(s) transtorno(s) que o próprio indivíduo. Não se pode esquecer que muitas dessas características fazem parte dos traços de personalidade normais de muitos indivíduos, e, somente quando esses traços são muito rígidos, e não adaptativos é que constituem um transtorno. Contudo, não se pode fazer julgamentos de determinados transtornos, como sendo um transtorno psíquico. Necessário será buscar um profissional da medicina com especialização para um diagnóstico de caso.

Referências:

1. Telles JSS. Psicanálise em debate: transtornos de personalidade. Psiquiatry on-line 1999; 04(11).

2. Freud S. Inibição, sintoma e angústia. In: Freud S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Vol. X. Rio de Janeiro: Imago; 1996.

3. OMS. Classificação de transtornos mentais e de comportamentos da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993.