Atualmente, as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado. O sujeito da era contemporânea busca incessantemente a fonte da juventude. Estamos vivendo com preocupação exagerada em relação ao envelhecimento – como se envelhecer fosse uma tragédia anunciada! E de pronto, as pessoas compram a fonte da juventude ofertada, inclusive, nas redes sociais. Acreditam com veemência, que se não fizerem os tratamentos anunciados como padrões da juventude pelos profissionais, sobretudo, da beleza estética, se tornaram seres feios, estranhos, repudiados, e não poderão competir junto a “indústria da beleza plástica, com a vida perfeita das mídias sociais”. O pavor de envelhecer soma-se ao medo de acidentes e doenças. É como se o mundo pudesse existir sem essas coisas.

Assim, a ideia de uma vida boa foi substituída pela de uma vida a ser invejada.
Hoje todos falam de sexo com naturalidade, mas ninguém diz nada realmente interessante. Há um diálogo estereotipado. E, apesar de adultos e adolescentes, conviverem com toda essa neurose – os exageros mais nocivos afetam diretamente as crianças, que estão sendo sensualizadas e expostas ao assunto muito cedo. Estamos cada vez mais infelizes e desesperados, com o estilo de vida que levamos.

Vemos, também, a banalização da tristeza provocada pela demanda da vida perfeita, ou seja, qualquer tristeza é chamada de depressão. Há uma epidemia de propagandas com foco na felicidade – ofertadas pelos inúmeros profissionais de coach. As crianças estão vivendo uma vida conectada e, assim, entram na corrida pelo sucesso muito cedo e ficam sem tempo para sonhar.

“No século 14, se as pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam da vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: “ser rico e famoso”. Existe uma espécie de culto que faz com que as pessoas não consigam enxergar o que realmente querem da vida”.

Os pais não conseguem pôr limites ao que a cultura sanciona. Por exemplo: alguns pais e cuidadores procuram fiscalizar a alimentação dos filhos, dizendo que é mais saudável comer verduras do que fast-food, enquanto as propagandas dão a mensagem transversalmente oposta. Na contrapartida da alimentação saudável, vemos muitas pessoas buscando a beleza de corpos esculturais, com dietas perigosas. O mesmo pode ser dito em relação ao comportamento sexual dos adolescentes. Muitos pais procuram argumentar que é necessário ter um comportamento responsável, enquanto a mídia diz que não há limites. Usando jargões, bem como: “Seu corpo, suas regras”.

“Precisamos” instruir as crianças a interpretar a cultura em que vivemos, ensiná-las a ser críticas, mostrar que as propagandas não são ordens e devem ser analisadas.”
“Uma coisa precisa ficar clara de uma vez por todas: embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos. Quando não têm esse controle, sentem-se completamente poderosas, mas ao mesmo tempo perdidas. Hoje há muitos pais com medo dos próprios filhos”.

CONCLUSÃO

As pessoas não deveriam escolher a profissão, com intuito de enriquecer. A saúde mental e física deveriam ter preços baixos e o serviço, acessível. Ou ainda, a saúde básica não deveria ter custos para a população. A educação deveria ser a primazia maior do mundo, para que pudéssemos evoluir intelectualmente sem ideologias ditatoriais. Deve-se desconfiar de profissionais da saúde que fazem muitas propagandas para divulgar os seus negócios. Vemos uma competitividade acirrada entre profissionais da beleza estética, mas também, da saúde básica. A saúde não pode ser medida pelo padrão consumista, como, por exemplo, “se um produto é caro, então é bom”. As pessoas precisam de um espaço para falar e refletir sobre a própria vida.

REFERÊNCIAS

Autora, Luzziane Soprani
PHILLIPS, Adam – Louco para Ser Normal – C. Editora Zahar, 2005