O termo Borderline (Limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que descreveu, na década de 1930 – A condição como uma patologia que permanece no limite entre a Neurose e a Psicose. O Borderline encontra-se nos extremos, caminhando numa linha tênue entre “sanidade e loucura”.
Pessoas com personalidade limítrofe/borderline podem possuir uma série de sintomas de transtornos psiquiátricos diversos, tais como: ataques súbitos de ansiedade, humor instável, grande sentimento de entusiasmo para depois sentir um grande vazio, ou dissociação mental, assim, como despersonalização, e tendência a um comportamento encrenqueiro. Tem-se impulsividade muitas vezes autodestrutiva, conduta suicida, manipuladores e chantagistas, bem como sentimentos crônicos de vazio e tédio.
A raiva é possivelmente a única emoção verdadeira ou a principal emoção central do borderline; muitas vezes, esses indivíduos são vistos como rebeldes e problemáticos. O Borderline é por vezes confundido como Depressivo, ou com Transtorno Bipolar.
O Borderline é um grave distúrbio que afeta seriamente toda a vida da pessoa causando prejuízos significativos tanto ao indivíduo borderline/limítrofe, como às pessoas que convivem com o borderline. Com frequência o portador do transtorno necessita estar medicado com antidepressivos, estabilizadores do humor, ou seja, medicamentos prescritos pelo médico/psiquiatra – estabilizando as consequências que a doença traz. Os sintomas aparecem durante a adolescência ou nos primeiros anos da fase adulta. E uma vez desencadeado continuam geralmente por toda a vida. Ao descobrir a doença o paciente e seus familiares podem sentir-se desapontados, mas na maioria das vezes a severidade do transtorno diminui com o tempo. Pelo fato dos sintomas desencadearem principalmente na adolescência – o que leva os pais e/ou familiares acreditarem que é apenas rebeldia própria da idade. No entanto, não fazem ideia que estão diante de uma pessoa com um grave distúrbio.
As perturbações sofridas pelos portadores da doença alcançam negativamente várias facetas psicossociais da vida, como as relações em ambientes escolares, no trabalho, na família – envolvimento com drogas, bebidas alcoólicas, etc.
Nas tentativas de suicídio, o suicídio consumado é quase sempre resultado da falta de tratamento psiquiátrico e terapêutico. A psicoterapia é indispensável.
Os transtornos segundo os estudos indicam uma infância traumática (diversas formas de abusos, sobretudo sexual, emocional; separação dos pais, ou a soma de ambos e outros fatores) como precursora do transtorno. No entanto, os pesquisadores apontam uma predisposição genética, além de disfunções no metabolismo cerebral.
Estima-se que 2% da população sofram deste transtorno, com mulheres sendo mais diagnosticadas do que homens.
Os Borderlines costumam ver coisas inexistentes no comportamento de outras pessoas, o que causa sempre crises de exagero e tempestades em copo d’água. Uma mudança quase imperceptível no comportamento de uma pessoa aos olhos de outros, para o borderline é um enorme motivo para se desesperar e acreditar que a pessoa não gosta mais dele. Por isso, o borderline é excessivamente possessivo, acreditando que após conquistar uma pessoa a pessoa pertence apenas a ele e mais ninguém.
Algumas vezes, essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão. Transferem para relacionamentos amorosos a sua instabilidade emocional. Então, são os causadores de brigas excessivas – têm sentimentos possessivos, não raro, o borderline vê o outro como se ele só tivesse a obrigação de estar ali apenas para prover o que o ele deseja. Eles não têm controle de si mesmos, por isso facilmente demonstram irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde amargura, maus tratos, estupidez, xingamentos e violência. Eles têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras.
Limítrofes/borderlines são pessoas que passam seu tempo a tentar controlar mais ou menos emoções que elas não controlam realmente. São pessoas que, diga-se de passagem, têm duas vidas. Uma vida quando estão na sociedade e outra vida de comportamentos muito diferentes quando estão a sós. Sua capacidade de esconder o transtorno faz com que sejam vistos, superficialmente, como se não tivessem nada, entretanto, suas vidas são sofríveis e um verdadeiro inferno. Pessoas com o transtorno oscilam entre um comportamento ADULTO e um comportamento INFANTIL; entre uma conduta BOA e uma conduta MÁ.
Esses indivíduos são árduos manipuladores. Alguns psiquiatras e terapeutas esclarecem que os borderlines são “pacientes impossíveis”. Sendo manipuladores, que buscam atenção, perturbam e irritam além de não terem capacidade o suficiente para controlar suas condutas. Em suas relações iniciais devido à grande desconfiança que eles mantêm, as palavras não são usadas para comunicar ou exprimir sentimentos. O que existe são manipulações, testes, controles, etc. Eles tendem a defender-se de sentimentos, emoções e lembranças. O Borderline testa as suas relações através de manipulações, a fim de testar as outras pessoas, e ver como elas reagirão a tais testes como agressividade, brigas, chantagens, etc.
O Vazio e o Tédio
O paciente borderline para (viver em paz) precisa encontrar um objeto protetor que nunca o deixe. Para isso, eles testam tais “objetos” (pessoas) para poderem acreditar nisso. Tais testes são manipulações, maus tratos, discussões, etc. Borderlines sentem que estão sempre com um grande sentimento crônico de vazio. Tal sentimento constantemente os incomoda e tendem a achar sempre uma forma de preencher tal vazio, mas com frequência, descrevem que esse sentimento nunca desaparece. Borderlines sentem tudo com uma alta intensidade, sendo que para eles, tudo faz mal, tudo os agride e machuca. Eles ainda têm sentimentos de ser uma eterna “vítima”, incapaz de aceitar suas próprias responsabilidades. São pessoas que não têm uma noção clara de sua identidade. Na realidade, eles não têm uma identidade bem formada, assim, precisam do apoio de outra pessoa, causando um grande medo à perda e rejeição de tal pessoa, cujo borderline o considere.
Alguns boderlines evitam começar um relacionamento, especialmente pelo medo de ser rejeitado ou abandonado mais tarde. Quando em algum relacionamento íntimo, este medo é acompanhado caracteristicamente de esforços frenéticos para evitá-lo. Podem fazer manipulações emocionais, especificamente chantagens. Contudo, caso a manipulação não funcione, eles podem demonstrar explosões de raiva que terminam muitas vezes em autoagressões, como automutilações ou até mesmo héteroagressões. O medo de ser abandonado é tão grande nessas pessoas que casualmente sofrem de dissociações, têm distorções da realidade como ter ideias paranóides ou alucinações e, no extremo, chegar impulsivamente o suicídio completo.
De maneira geral, o Transtorno de Personalidade Borderline é um dos principais distúrbios associados ao suicídio e automutilação. Eles podem tomar muitos medicamentos de uma vez só, com ou sem intenção de suicídio, abusar de drogas e bebidas, automutilar-se fisicamente, colocar-se em risco, entre outros atos impulsivos com notável tendência autodestrutiva.
A Descompensação Emocional no Relacionamento Familiar
Esses indivíduos constantemente não conseguem manter um bom relacionamento entre seus familiares, que convive dia a dia. Por vezes, o ambiente familiar é repleto de discórdias, discussões e brigas, que classificam: hora como bons, hora como maus. Eles têm, por exemplo, mau-humor frequente, sarcasmo, amargura, agressividade constante. Às vezes os borderlines podem ser tidos como pessoas incapazes de demonstrar gratidão, de interessar-se por si mesmo e pelos outros. Os outros, assim como a pessoa que o criou (mãe e pai) podem ser sentidos como estranhos que têm apenas a função de suprir e prover o que ele espera. Eles podem: trair, mentir, criticá-los, pôr sempre a culpa em outros. Contudo, a família quase sempre não entende isto, sendo assim uma tarefa difícil de convencer a família que o borderline, dificilmente aprende com seus erros e punições. Para eles, raramente castigos e punições funcionam. Pelo contrário, quase sempre tais punições são seguidas de mais agressividade e raiva, por parte dos borderlines, que entendem isso como rejeição. Não que o borderline não precise de limites destas atitudes. O borderline submete frequentemente seus familiares a algumas torturas, exigindo e agredindo, embora com isso supostamente estejam apenas tentando reviver experiências passadas nas quais a relação entre ele e seus (cuidadores) não foram capazes de lhe proporcionar boas condições emocionais. Em geral, o borderline tenta refazer o caminho não realizado no início de sua vida, com as mesmas pessoas (pai, mãe e/ou responsáveis), que não foram capazes de fazê-lo anteriormente.
A vida em si do borderline não é estável. Seus relacionamentos bem como comportamentos e sua personalidade em geral não são duradouros. É notável nesses indivíduos constante instabilidade nos seus relacionamentos. Eles podem demonstrar profundos sentimentos de apego e desapego fácil e ambivalente. De repente o borderline que demonstra grande ternura, para em seguida, demonstrar frieza, raiva e crueldade.
Sua identidade sexual é frequentemente marcada por dúvidas e mudanças constantes ou até adeptos à bissexualidade. Por vezes, definem-se a si próprios como “hora uma coisa, hora outra coisa”. Ele sente prazer, por exemplo, em dirigir imprudentemente, dormir em excesso (hipersônia) e praticar sexo inseguro-compulsivo-promíscuo.
Quando estão convictos de algo, de repente, veem-se cercados por dúvidas contrárias novamente, por isso, a indecisão nessas pessoas é comum.
Borderlines geralmente enjoam, desanimam ou desgostam facilmente. Por isso, a vida do limítrofe é uma instabilidade contínua, sejam em seus projetos, relacionamentos, preferências ou comportamentos. Na realidade, a inconstância é a palavra chave da vida do borderline.
Quando alguém é amado por ele, a pessoa merece ser tratada de forma especial, carinhosa e muito querida. Quando alguém é odiado pelo borderline, a pessoa merece vingança, ódio e infinitas crueldades. Em suma, a pessoa amada é vista como um deus e a pessoa odiada, como o demônio.
Em geral, pessoas na qual se relacionam superficialmente ou que apenas estão no início de um relacionamento com um borderline, não fazem ideia das perturbações e relações caóticas que vão ser recebidos em tais relacionamentos. Contudo, apesar de tudo isso, obviamente os indivíduos com o transtorno de personalidade limítrofe frequentemente necessitam de muita ajuda e apoio, embora possam fazer de suas relações um verdadeiro inferno. Eles não têm esse comportamento de forma proposital, pois é notável que sejam pessoas muito conturbadas emocionalmente.
Narcisismo e Agressividade
Essas pessoas têm dificuldade em avaliar as consequências de seus atos e de aprender com a experiência e, então, por isso erram e repetem o erro, nunca aprendendo. São indivíduos tão exigentes e imprevisíveis que assim tendem a afastar todos aqueles que o cercam. Além disso, são pessoas que não têm necessidade, eles têm urgência! Não sabem adiar e não aguentam esperar.
No entanto, eles sempre tendem a contornar a situação e colocam a culpa em outros, seja por suas deficiências, decepções, responsabilidades, ou problemas. Mas, ao mesmo tempo, desejam ter atenção. (Na verdade, são eternas CRIANÇAS em um corpo de ADULTO), porém aparentam estar se fazendo de “vítima”, quando na realidade não estão.
Segundo Kernberg, é a difusão de identidade responsável por tais percepções empobrecidas. Como o próprio borderline não tem uma identidade bem definida, obviamente, eles têm grande dificuldade em enxergar o outro, afinal, não consegue enxergar-se com precisão. Para o borderline, seu vazio é momentaneamente preenchido, entretanto, a outra pessoa existe apenas para satisfazê-lo naquele instante.
Portanto, apesar do borderline conseguir demonstrar certa normalidade em várias situações triviais do cotidiano, com frequência exibem escandalosamente a incapacidade em controlar sua raiva. Geralmente, eles reagem normalmente até o momento em que seu humor radicalmente muda para de repente ter um ataque de raiva e/ou grosseria, brigando com todos – demonstrando assim uma dificuldade em compreender a realidade e os sentimentos alheios. Sua percepção sobre outros é muito instável e distorcida sempre para desconfianças.
Por causa de seu narcisismo, ele considera muito justo que tudo seja para uso próprio (e de preferência, imediato), que tudo esteja voltado para ele – atitudes egoístas. No entanto, os borderlines não somente agridem os outros, como também se auto-agride. A automutilação é uma das principais características do transtorno.
Às vezes, as outras pessoas podem perceber ou questionarem-se sinais evidentes de automutilação em borderlines (ex.: vários arranhões percebidos no braço, hematomas ou cortes). Mas via de regra, eles tendem a apresentar argumentos implausíveis ou pouco explicativos em relação a tais ferimentos, com medo de que descubram seu comportamento autodestrutivo. Por exemplo, podem dizer que não sabem de onde tais hematomas apareceram ou dizer que se machucaram sem querer com uma faca. Pessoas com o distúrbio, também pode haver períodos em que se isolam socialmente.
Reatividade do Humor e Impulsividade
Borderlines têm frequentemente flutuações do humor intensas, imprevisíveis e constantes. De manhã, muito aceitável. À tarde, bruscamente sentem um grande vazio com intensa vontade de se suicidar. E, à noite, radicalmente seu humor novamente muda e sentem uma grande ansiedade com desejo compulsivo de se acabar em guloseimas.
Frequentemente a Depressão e o Transtorno Afetivo Bipolar são confundidos com a desordem Borderline de Personalidade. Contudo, talvez uma das principais diferenças seja que além de todos os outros sintomas típicos de limítrofes, tanto a depressão Unipolar como a da Bipolaridade, se caracteriza por sensação de culpa, inferioridade com uma tristeza de base. Enquanto isso, a depressão do Borderline se caracteriza essencialmente em razão de um vazio existencial, um buraco nunca preenchido, uma vida sem sentido, do tédio diante de seus objetivos e ideias de fracassos de frustração em relação a ideais não atingidos. Na depressão, o sentimento de inferioridade e culpas estão sempre presentes. No borderline, esses sentimentos são inexistentes e são substituídos por raiva constante.
Início dos Sintomas e Estatísticas
Frequentemente, na etapa inicial (começo da adolescência, por volta dos 13 anos de idade) da eclosão dos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe, sintomas como: má adaptação social, baixo rendimento escolar, comportamentos anormais. Bem como déficit na regulação dos afetos, agressividade, conflitos no ambiente familiar, tentativas de suicídio e depressão grave são frequentes. A etapa secundária, no fim da adolescência ou início da idade adulta (na faixa dos 18 aos 21 anos), todos os sintomas propriamente ditos ficam evidentes, tendo seu auge por volta dos 25 anos de idade, causando grande prejuízo. Contudo, sabe-se que o transtorno tende a ser atenuado conforme a idade, sobretudo próximo dos 40 anos de idade. Talvez pelo fato de que ao passar do tempo, as pessoas ficam menos enérgicas e mais “maduras emocionalmente”. Assim como todos os transtornos de personalidade, quase nunca borderlines acreditam sofrer de uma patologia ou que sua conduta e comportamentos são muito problemáticos. As estatísticas apontam que 93% das pessoas portadoras do transtorno de personalidade borderline também apresentam um transtorno afetivo concomitante, especialmente Depressão Nervosa e Transtorno Afetivo Bipolar. Além disso, estima-se também que 88% apresentam um Transtorno de Ansiedade, especialmente o Transtorno do Estresse Pós-Traumático e diversas fobias em geral. A conduta suicida no borderline pode ser maior naqueles com história prévia de tentativas de suicídio, história de abuso sexual – e outras comorbidades: abuso de substâncias, depressão nervosa, comportamentos histriônicos e psicopáticos são fenômenos fortemente presentes em borderlines. Muitas vezes, o borderline é confundido com o psicopata e histriônico por apresentarem comportamentos semelhantes e, não raramente, ocorrem simultaneamente. No padrão geral de patologia grave, as famílias de pacientes borderline têm como características: mães intrusivo-dominadoras e pais distantes, sendo que as relações conjugais são predominantemente conflitivas. Em suma, o Transtorno de Personalidade Borderline é tido como um dos transtornos mentais mais devastadores, sobretudo na área de relacionamentos interpessoais, sendo também dos mais difíceis de ser tratado.
Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma grande vontade de ter aquilo, contudo, se conseguem, enjoam ou não querem mais.
Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e autoimagem;
Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de um segundo a outro, não sabem o que querem, ou, então, mudam de opiniões e objetivos a todo o momento.
Borderlines são cheios de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão.
Sequelas de Abuso na Infância
Alguns especialistas acreditam que o transtorno de personalidade limítrofe seja uma síndrome consequente de graves sequelas na personalidade, decorrente de abuso na infância. Uma boa parte das pessoas com o transtorno tiveram uma infância traumática, sobretudo foram abusados sexualmente, (porém isto não é regra geral).
Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas (especialmente se houve abuso), sobretudo nos indivíduos do mesmo sexo do abusador.
Borderlines com histórico de abuso podem repetir o roteiro do passado. Eles tendem a se sentir eternamente vitimados porque estão condicionados a esperar o comportamento cruel das pessoas em que confiam. Quando crianças, podem ter se sentido responsável pelo seu comportamento de ter sido abusado. Podem ter acreditado que algo neles levou as pessoas agirem daquela forma cruel. Então, quando adultos, essas crianças anteriormente abusadas esperam o pior das pessoas, existindo sempre um grande pessimismo. Interpretam o comportamento normal como cruel ou negligente e reage com a raiva, desespero ou humilhação intensa. As pessoas em torno deles ficam confusas porque não podem ver o que realmente provoca o seu comportamento.
Desconfiança e Ideias Paranóides
Têm frequentemente ideias paranóides, estas são maiores em períodos de estresse ou sensação de abandono e solidão;
Borderlines caminham numa linha tênue entre sanidade e a loucura, às vezes se desequilibra e acaba por caminhar francamente na loucura, com alucinações e ideias delirantes, especialmente em situações estressantes, (embora não possam ser diagnosticados como totalmente psicóticos ou esquizofrênicos).
Manias de perseguição e pensamentos paranóides são freqüentes.
Facilmente interpretam as ações de outras pessoas erroneamente como hostis, ameaçadoras, irritantes ou zombadoras, o que causa um gatilho para explosões de irritabilidade e brigas constantes, porque tendem a reagir da mesma forma pela qual acreditaram terem sido tratados.
Despersonalização
Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão sozinhos.
Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles frequentemente relatam tal fenômeno sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados.
A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e veem tudo como se estivessem fora do corpo, como se estivessem se desprendido da sua própria personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que frequentemente eles acabam por se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a automutilação (podem se mutilar para sentir que são reais).
Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um comportamento levemente anormal, por exemplo, uma falta de atenção, como se a pessoa estivesse longe, distante ou “viajando”.
Alguns borderlines podem conviver dias, semanas e até meses com despersonalização, sendo frequentemente pegos a todo instante pela sensação angustiante de irrealidade e de desprendimento do corpo.
Algumas pessoas relatam que olhar-se no espelho bem como se lembrar da despersonalização piora o quadro, pois se sentem irreais ou inexistentes.
Borderlines podem ter problemas com a memória e atenção, especialmente em momentos de dissociações tais como a despersonalização. Eles podem ter brancos, apagões, esquecimentos, sobretudo após as situações de despersonalização.
Após a despersonalização podem sentir ansiedade, causado pela percepção de que realmente estão vivos.
Geralmente a despersonalização é precedida por frequentes indagações e dúvidas a respeito de quem ele é, do que ele gosta. Como o borderline não consegue ter uma identidade concreta e definida, ele não consegue se autodefinir, não tem certeza de quem ele é e possui um grande sentimento de ter se perdido de si próprio ou de que sua identidade é falsa ou copiada. Por isso a instabilidade em suas vidas. Sua identidade é, a todo o momento, construída e destruída, gerando uma inconstância
Genética
A literatura existente sugere que traços relacionados ao Limítrofe (TPL) são influenciados por genes e já que a personalidade é geralmente hereditária, então o TPL também deve ser. No entanto, estudos têm tido problemas metodológicos e as ligações exatas não estão claras ainda. Filhos de pais (de ambos os gêneros) com TPL têm cinco vezes mais chances de também desenvolver o Transtorno de Personalidade Limítrofe (Funcionamento Cerebral).
Tratamento – Psicoterapia
Tradicionalmente há um ceticismo em relação ao tratamento psicológico de transtornos de personalidade, mesmo assim muitos tipos específicos de psicoterapia para TPB, o bipolar foram desenvolvidos nos últimos anos. Os estudos limitados já registrados não confirmam a eficácia desses tratamentos, mas pelo menos sugerem que qualquer um deles pode resultar em alguma melhora. Terapias individuais simples podem por si mesmas, melhorar a autoestima e mobilizar as forças existentes nos borderlines. Terapias específicas podem envolver sessões durante muitos meses ou, no caso de transtornos de personalidade, muitos anos. Psicoterapias são frequentemente conduzidas com indivíduos ou com grupos. Terapia de grupo pode ajudar a potencializar as habilidades interpessoais e a autoconsciência nos afetados pelo TPB.
Dificuldades na Terapia
Existem desafios únicos no tratamento de TPL. (Na psicoterapia, um paciente pode ser bastante sensível à rejeição e pode reagir negativamente. Por exemplo: se mutilando ou abandonando a terapia. Segundo o psiquiatra Daniel Boleira Sieiro Guimarães, do Instituto de Psiquiatria: “Tratar de um borderline é como pilotar um navio numa tempestade. É uma provocação constante. O terapeuta tem que estar ciente disso antes de começar seu trabalho. O transtorno borderline é a AIDS da psiquiatria”, compara o médico. “Não tem cura, mas com o tratamento pode-se diminuir o sofrimento dessas pessoas. Esta é ainda a única forma de ajudá-las a viver um pouco melhor.”
Estatísticas sugerem que, com o devido tratamento, portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe tendem a sofrer recessão dos sintomas em algum momento da fase adulta posterior. Dos que procuram ajuda profissional de uma maneira geral, 75% sofrem remissão da maior parte dos sintomas entre os 35 e 40 anos de idade, 15% entre os 40 e 50 anos de idade e os 10% restantes podem não ter cura, chegando ao suicídio.
Sinopse do Filme.
Garota Interrompida – (Winona Ryder) interpreta uma personagem, (Susanna Kaysen) – uma moça que vai parar num hospital psiquiátrico. Diagnosticada por um psiquiatra/psicanalista, vítima de “Ordem Incerta de Personalidade” (Borderline). No Hospital Psiquiátrico se hospedam um contingente de moças para tratamentos com diversos Transtornos de Personalidade. Sendo uma das personagens (Angelina Jolie) (Lisa) com diagnóstico de psicopatia: charmosa e manipuladora.
Referências:
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM).
Azevedo, M.A.S.B. (1983). Psicoterapia breve: considerações so- bre suas características e potencialidade de aplicação na psico- logia clínica brasileira. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 35, 92-104.
Organização Mundial de Saúde – OMS (1993). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descri- ções clínicas e diretrizes diagnósticas. (D. Caetano, Trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1992)
Flávio Pimentel
Muitos casos e muitas informações. É de se ficar tentando mapear pessoas com esses comportamentos.
Lembro do filme citado, e fica interessante observarmos um comportamento até pacífico poder ir a outro extremo.
Livia Oliveira
Muito bom o trabalho. Eu já havia assistido este filme, mas como leiga não tive esse conhecimento, que tive hoje lendo toda a matéria mais de uma vez, ou, entendi melhor a mensagem do filme, e do transtorno boderline. Lendo o assunto e vendo partes do filme, que consegui assistir através do vídeo postado com várias partes do filme. Posso dizer que entendi melhor o que é um boderline, mas dá para confundir com vários outros transtornos… acabo achando que se assemelha muito ao bipolar.
renzo santino
Argomento fantastico! Un grande talento per scrivere su vari argomenti. Grazie per essere partecipe di la tua bella scrittura.Successo!
Mel Bittencourt
Luzziane Soprani,
Estou acompanhando as suas publicações. Tenho o prazer de compartilhar. Os de ordem mais complexa como esse, devem ser até um meio de estudo. O meu trabalho é social e faço com muito amor ao próximo.
Um grande Abraço,
Mel.
Pedro Vitor
Oi Dra ! encontrei seu site e fiquei alegre em saber que vc está escrevendo e atendendo em rede social. Estou em Vancouver fazendo intercambio… Os anos terapia me ajudaram muito… hj estou mais convicto do q quero, sem me preocupar em agradar e ajudar o mundo todo… isto eu devo a terapia q foi o q me ajudou muito… Parabens pelo seu site !!!
katia antonio
Fantástico Luzziane…. vc esta fazendo um trabalho muito bom!…n tinha visto o filme ainda, e esta musica de fundo é linda…seu blog tem ajudado muito n só meu trabalho como tbem a minha essência …consigo compreender muito melhor as mães e crianças com quem trabalho sem precisar recorrer minha coordenadora da Asst. Social…bjos mais sucesso, vc merece!
Carla Luma
Desde quando postou este artigo Dra.sempre leio e releio..te confesso que me impressionei mto com o mesmo.
Realmente é uma análise fantástica.
bjs.Sucesso!!!Sempre..sou sua fã e seguidora.
Tatiana G Baccin
Muito esclarecedora sua abordagem. Convivi 2 anos com um companheiro que sofre deste transtorno. Lamentavelmente tive que optar pela minha integridade psíquica antes de entrar no precipício, pois o sofrimento era tanto que chorei 90% do tempo de convívio, assim como amei intensamente nos momentos sanos, que aliás parece que intensificam-se já que migramos de um polo a outro. Incrível como eles respondem bem ao “dia seguinte”, é como um novo despertar (literalmente) porém dura apenas algumas horas transformando nossa esperança em desespero até o pôr-do-sol. Foram os anos mais árduos da minha vida emocional. Ainda amo intensamente mas optei pelo amor próprio. Não é algo que se solucione sozinho, procurei ajuda psicológica e muita informação. Não fosse sites como esse estaria ainda atravessando a obscuridade. Obrigada!
maria auxiliadora quedevez
Tive um relacionamento com uma pessoa bipolar e bordilene o que me levou a procurar ajuda psiquiátrica. Existiu a fase de normalidade, mas aos poucos fui observando que algo estava errado. Um dia ele era um anjo, no outro um demônio. Só tive certeza dos dois diagnósticos por uma pessoa que foi casada com ele.Cheguei a pensar que o problema estava comigo, eu não queria acreditar. Um dia me dava presentes, no outro , nem mesmo um bom dia. Cheguei a pensar que seria capaz de viver ao lado dele, hoje, sei ser impossível. Sei que suportei algumas agressões verbais com calma e controle emocional. Hoje, por ele saber que fui obrigada a me afastar, sinto que ele está me odiando. Sei que ele no momento está se enclausurando e perdendo os amigos/as. Não sei o que poço fazer por ele.
Renato
A pessoa que possui esse transtorno, tem plena consciência de tudo que fala e faz?
Gui
Muito interessante o conteúdo!!!
Mas meu problema são essas dores………………………. Quando sofri uma crise de lombalgia, o médico indicou desse colcho teraputico . Quem daqui já ouviu falar? Parece que trata até insônia.
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mario martinelli
Muito a análise, confere 100% com a realidade!
Jayro
Seria interessante falar de como trabalhar a rearmonização da familia do paciente Borderline, haja visto que, como são manipuladores, chantagistas e causadores de intrigas no lar, com certeza é preciso um árduo trabalho e competentes decisões, para salvar os familiares de funestas consequencias desse ambiente hostil que se verifica, diante desse quadro.
Fica a sugestão…
Milame
Olá!Primeira vez que entro no site,pois acabaei de assistir o filme e vim saber mais sobre esse transtorno para ter um melhor entendimento sobre o filme!
Adorei a explicação,a separação de vários temas,fica mais fácil e perceptível de perceber no filme os sintomas da personagem depois de ter lido o seu post!
Tenho apenas 15 anos! Quero muita ser psicóloga e trabalhar na área clínica..Adorei o post,parabéns pelo trabalho!
Cristiano Rosa
Obrigado pela dedicação de postar sobre o tema. Uma amiga me mostrou, ela conseguiu analisar todas as informações, e isso pode ter mudado a vida dela. Fora que aprendemos muito. Muito obrigado. 😉
Ivanise Campos
Boa tarde
Por acaso acessei sua pagina… De tudo que ja li e me inteirei, seu texto foi o melhor, me identifiquei muito.
Tenho um filho borderline (31 anos), diagnosticado há menos de 1 ano. Não estou conseguindo lidar. Até terapia estou fazendo, mas ainda é recente. Poderia me tirar uma dúvida?
A pessoa que possui esse transtorno, tem plena consciência de tudo que fala e faz? As vezes perco a paciência e faço cobranças e comparações.
Obrigada
LUIZ CLÁUDIO DOS SANTOS
PARABÉNS, mesmo, gostei muito do conteúdo do texto sobre doença borderline, visto que tem muitas pessoas que eu conheço e agora consigo compreende-las melhor, e tenho condições de ajudá-las. Matéria excepcional, adorei e gostaria que fosse publicado e autorizo a publicação do meu email e comentário. Agora estou pensando até em aprofundar e quem sabe cursar uma faculdade de psicologia.
PARABÉNS!!!!!!!!!!! meu watssaap é 11- 987266330. Luiz.
email – luizclaudios@policiamilitar.sp.gov.br
LUIZ CLÁUDIO DOS SANTOS
Sou Capitão da POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP, PÓS GRADUADO em Direito Público e interessado na matéria, gostei mesmo, e agora, pretendo aprofundar e ajudar as pessoas que me rodeiam e tem o problema ‘borderline’
Ninguém
Eu vivi minha vida inteira assim, como esses textos que encontro na internet descrevem. Pensei que podia ter esse transtorno faz anos, mas eu não procurei ajuda. Agora que minha vida esta completamente arruinada e eu quase cheguei ao ponto de agredir quem eu mais amei, eu to procurando ajuda mas sem esperanças, pois minha vida vai ser sempre vazia.
Lilian Godoy
Gostaria de saber sobre o risco que um pai borderline representa para uma filha de 4 anos.
Yago
Eu sou um borderline é isso é 100% vdd, tenho 17 anos e a 1 descobri meu problema, meio ao turbilhão de conflitos familiares e particulares… Me afastei de pessoas que queria ao meu lado, e posso ser sincero, a partir do momento que conseguimos algo, enjoamos e queremos algo novo, isso serve desde bens materiais até pessoas, queremos alguém para nos dar atenção 100% do dia, mas quando conseguimos alguém, essa pessoa para de servir e sentimos como se tivesse nos sufocando, e torcemos pra pessoa calar a boca, mas quando essa pessoa para de falar, a sensação de abandono aparece e tudo q precisamos é q essa mesma pessoa volte a CV conosco… Desde que descobri dá doença, mudei a forma q vi as coisas, passei a ler bastante sobre sintomas e acontecimentos para me prevenir, e agora sofro bem menos é em situações isoladas, a raiva acontece a todo momento, mas a vontade de esmagar o mundo com a mão diminuiu, e as crises agr só acontecem quando aparecem fotos de amigos em redes sociais, já que o border acaba por sofrer pelo abandono dos outros, mas são casos isolados, e nada que prejudique a vida, mas só esse simples fato já faz com q fique uma meia hr na frente do celular, analisando as circunstâncias do fato, traduzindo, ser um borderline é uma merda
Régis
Excelente matéria, muito esclarecedora. No momento estou fazendo terapia e recentemente recebi este diagnóstico. O que eu percebo é que a psicanálise, linha clinica seguida por minha terapeuta, é uma verdadeira tortura para mim! Constantemente o assunto converge para questões do passado e isto não me parece frutífero, pois me sinto angustiado, paranoico e instável cada vez que esses assuntos emergem, e estas sensações perduram muito além das sessões. Anteriormente já havia me submetido à terapia cognitivo comportamental e ainda que esta terapeuta não tenha chegado ao diagnóstico de borderline, houve remissão de vários sintomas. Porém, como alguns comportamentos indesejáveis persistiram, resolvi procurar por algo que fosse mais “profundo”. No entanto, sinto que estou piorando. Daí então minha pergunta: qual abordagem seria a mais indicada para tratar este diagnóstico? Obrigado!
Thais
Caso alguém tenha interesse em participar de um grupo sobre Borderline segue contato 11 98777-1075
Clara
Devo perdoar traição de uma pessoa com esse distúrbio de personalidade?
Thais
Sim, deve perdoar. Todos somos um expectro num todo e não podemos receber apontamentos isolados das nossas falhas sendo que as qualidades também somam.
Juliana
Bom dia pessoal… cheguei até vcs e foi o melhor e mais completo artigo que li.
Estava noiva.. em um relacionamento de mta amizade, com uma pessoa que me parecia incrivel.
Do nada, na primeira DR ele pegou as coisas e foi embora. E desde entao, ha 2 meses sinto como se me odiasse. Me despreza, mal trata. Nao entendi nada.
Ai comecei a ler, minha mae é psicologa e me trouxe este insight. Comecei a relembrar: ouvi muito que ele enjoava facil das coisas e pessoas… um simples nao atender telefone ja foi motivo de discussao… hematomas… esses episodios de distanciamento eram recorrentes.
Impulsividade em tudo…. relatos de sempre pular de pessoa em pessoa… falava muito que nao gostava de ficar sozinho…
Um pai bi-polar, uma infancia abusiva.. extremamente hostil. No termino ele aumentou de forma totalmente desproporcional o ocorrido fazendo projecao ao passado e me culpando por tudo. Tudo. Eu pirei.
Pior que ele é uma pessoa inteligente.. sinto que quer ter vida amorosa família. Queria ajuda-lo…hj me odeia. Nem sei o que fazer..
Bruno
Sugiro o livro “Pare de pisar em ovos”.
Tenho quase certeza que minha esposa tem isso. Tudo indica.
O problema é que, quando se está normal, é totalmente normal.
Além de ser ótimo.
Quando entra em crise por coisas mínimas, vira um inferno.
É uma sequência coisas literalmente inacreditáveis.
Não é uma pessoa sempre descontrolada, que qualquer um percebe.
É equilibrada, responsável.
Mas quando alguma coisa sai do eixo, vira outra pessoa.