“O narcisismo, conceito psicanalítico cujo nome Freud tomou de empréstimo ao mito grego de Narciso, um jovem de beleza tal que se comparava a um deus. Enamorou-se de sua própria imagem espelhada na superfície de um lago. Por isso, repudiou o amor da ninfa Eco e foi punido com a condenação de apaixonar-se apenas pela sua imagem refletida no rio. Sem alcançar o seu ideal, afogou-se nas águas ao tentar atingir o reflexo. O mito ficou associado, em nossa cultura, à ideia de vaidade que, dentre os sete pecados capitais é o mais grave, pois todos os outros derivariam deste. O narcisismo está vinculada à questão da imagem e esta, por sua vez, à noção de identidade”.
NARCISISTA: OS MESTRES DA NEGAÇÃO.
Narcisistas são pessoas perdidas em si mesmas. Não se trata de se acharem lindos apenas. Ser lindo e bonito é apenas uma parte do processo patológico desses indivíduos. O narcisista é um sujeito que recria o mundo a partir de si próprio. Crê que pode bastar-se sozinho e, não precisa de ninguém, não ouve ninguém e, tudo o que pensa e diz, é o que importa. O narcisista é o único e todo-poderoso pelo corpo e pela alma. Mesmo quando algo vai mal, o narcisista não pode dar-se por vencido. O narcisista é aquele tipo de pessoa a quem se dá amor de forma irrestrita, mas ele nunca se sacia e acaba sempre por dar a impressão de que não se tem amor para dar ou não se sabe dar amor. Mas como o termômetro de sucesso é sempre a opinião dos outros, também está enquadrado como portador deste transtorno o (Eterno Insatisfeito), aquele que não consegue ficar contente com suas conquistas, ou melhor, precisa de desafios e está sempre em busca de metas inalcançáveis. Eles esperam ser sempre adulados e ficam desconcertados ou furiosos quando isto não ocorre da maneira como desejam.
As Redes Sociais e Sites de Relacionamentos aguçam o Narcisismo Patológico. “Todo mundo quer ser apreciado”.
As redes sociais e sites de relacionamentos de um modo geral, “seja: Facebook, Twitter, Orkut e os mais variados sites de relacionamentos são ferramentas para o individualismo – instigando o desenvolvimento da personalidade narcísica”. Essa influência vem da televisão, internet e aguçam os transtornos psíquicos. Todos esses meios são terrenos férteis para instigar as pessoas a mostrarem seus sucessos e seus fracassos.
Por exemplo, um dos sites mais acessados, “o Facebook vem sendo alvo de pesquisas e estudos: pesquisadores vincularam o número de atividades no Facebook com a possibilidade do usuário ser um narcisista “socialmente disruptivo”. Comportamentos narcisistas podem ser detectados em pessoas que se autopromovem no Facebook. O primeiro, chamado “exibição grandiosa”, fala sobre pessoas que amam ser o centro das atenções. O outro envolve o quão longe alguém é capaz de ir para conseguir a atenção que supostamente acha que merece incluindo gastos exagerados em festas e viagens apenas para serem admirados ou “curtidos”. Não há uma base de quantos amigos uma pessoa tem ou o quanto ela atualiza o status para qualificar uma tendência narcisista”, afirmou Chris Carpenter, um dos responsáveis pelo estudo na Universidade Western Illinois, nos Estados Unidos.
Confronta-se os extremos: o usuário que sempre publica sua invejável felicidade e o outro internauta que só divulga comentários negativos e de autopiedade – ambos podem fazer desta Rede Social uma ferramenta para aguçar esse transtorno de personalidade cada vez mais presente na vida real. E ainda que sirva de indícios para a influência do narcisismo nos usuários, reconhecer a patologia não é tão simples.
Nos Sites de Relacionamentos, aqueles que buscam um parceiro não têm o controle e a permanência das relações, pois todos são vítimas e ao mesmo tempo desejantes de um consumismo sem fronteiras. O ponto chave nunca é colocado no centro da questão, que é a brutal ansiedade em que vivemos. Há muitos casos que visa apenas à ostentação em todos os aspectos. A “Posse” ou o “Ter” (o deus supremo). Não generalizando; apenas ressaltando a extrema dificuldade das pessoas em nossos dias em manter um relacionamento sólido. Com tanta oferta nas vitrines virtuais, as relações acabam se tornando de altíssima liquidez. Se fôssemos mais honestos desde o início, a realidade seria menos (vaidade, narcisismo, ostentação); talvez mais pessoas pudessem ter alguma chance de um relacionamento verdadeiramente leal e sólido. Aliás, ninguém sabe lidar com o dilema da solidão versus má companhia e/ou insatisfação. No entanto, ao sair da virtualidade, raramente existe uma verdadeira conquista, sobretudo porque se acredita que o objeto desejado já foi conquistado no mundo virtual. Enfim, muitas dessas relações acabam como o mito de Narciso.
Narcisista: Amor próprio ou impróprio?
O narcisista tem uma péssima impressão a seu respeito, mas esta ideia está longe da consciência. As pessoas que têm esse distúrbio carregam na sua história pessoal a dor de não terem se sentido adequadamente amadas quando crianças e, a partir disso, desenvolvem uma frieza emocional nos relacionamentos interpessoais. Isso acontece como um mecanismo de defesa para nunca mais sentir a decepção que experimentaram quando crianças. Isso implica dizer que na realidade, os pais foram maus, falharam com ele. E ele acredita que foi impotente para conseguir fazer-se amar. Seu estado narcísico é uma defesa contra sua dor primeira (a infância). É por isso que o narcisista não suporta ser contrariado e nem aceita que lhe digam que tem defeitos. O defeito está sempre nos outros, mas nunca nele. Como todo ditador que se preze, o narcisista é alguém que precisa de público, daqueles que o admirem de forma incondicional e irrestrita. É um dependente.
CONCLUSÃO
A busca por ajuda terapêutica se faz necessária. O processo psicoterapêutico levado a sério junto a um um profissional experiente e capacitado, ajuda esses indivíduos a encontrar a busca da realidade no contexto dessas fantasias e desajustes.
O Filme: “O Diabo Veste Prada”, ilustra a personalidade de uma narcisista em potencial. A personagem principal, Miranda (é interpretada pela atriz Meryl Streep), e constitui um bom exemplo de uma pessoa que é vítima do Transtorno de Personalidade Narcisista.
Autora: Luzziane Soprani
Angela
Você abordou uma questão importantíssima. Concordo plenamente com a sua abordagem. O narcisismo e a megalomania faz da nossa realidade uma tragédia, haja vista a politicagem e as redes sociais. Lugar habitado por tantos narcisistas patológicos.
Abraços.
Mel Bustamante
Ôôô!
Atendem, direitinho… aos desejos e às necessidades de massagem no ego!
Pode ser um alimento a vaidade, um combustivel ao orgulho e maná da ostentação… Portanto, todo cuidado é pouco!
Beijos, amiga querida!
Paula
Ótimo artigo ! A internet tem muitas vantagens, mas pode ser um perigo pros egos-centrados-cêntricos… O que conta é a dosagem… Bjos
Tereza
Muitas dessas pessoas vão para net para alimentar o ego e procuram “apoio” mesmo que seja berrando e mentindo… É um desafio porque podem piorar dependendo do que encontram.
katia antonio
UIiiiiiiiii…bom dia Luzziane! mais uma vez parabens! Vc como sempre acertando! È impossível n concordar, e como vc disse sem generalizar…bjos!!! continue nos alertando…a humanidade agradece rsrs!
Eduardo Riganelli
Somos seres gregários por natureza, não podemos viver isolados, longe da convivência com os nossos semelhantes. Não somente queremos nos integrar à sociedade também ansiamos pelo seu reconhecimento. Não é em vão que Maslow coloca a aceitação da sociedade em um dos níveis mais altos da pirâmide onde representa as necessidades do ser humano.
Para alcançar esse objetivo não seria o Face o meio ideal?
Transitando com a facilidade de sempre, na fronteira entre o conhecimento psicanalítico e a linguagem cotidiana, Luziane nos descreve o comportamento daqueles que vão além da postagem de algum evento no seu dia a dia e utilizam esses meios para projetar e alimentar a sua personalidade alterada.
Também nos chama a atenção com o cuidado a se ter nos sites de relacionamento onde a partir de perfis virtuais, que na maioria das vezes nada tem a ver com a verdadeira personalidade dos participantes, criam-se relacionamentos virtuais que quando levados ao plano real não conseguem se sustentar. Mais cedo o mais tarde os traços da verdadeira personalidade aparecem e quebram toda a magia.
Outro aspecto importante é acreditar que a “conquista virtual” dispensa a continuidade da conquista no mundo real. O namoro virtual foi só uma aproximação de duas pessoas supostamente compatíveis, com interesses comuns. Ao se encontrarem no mundo real tudo o processo tem que começar do zero. O contato visual, a proximidade física e a linguagem corporal definem um novo cenário, na maioria das vezes, totalmente diferente ao imaginário criado em cada um dos dois.
Luziane ainda nos dá a fórmula do sucesso, ao se valer da sinceridade desde o início os relacionamentos serão mais sólidos e duradouros!
Alex Canton
Muito interessante seu artigo, parabéns ! Na minha opinião, para a grande maioria dos usuários, as redes sociais servem meramente como um véu utilizado para encobrir uma realidade nem sempre tão glamurosa quanto àquela que desejariam ter e que pode facilmente ser criada no mundo cibernético, tendo como objetivo primário transformá-los em pessoas “descoladas”, “invejadas” e, por que não dizer,”desejadas”. Creio que o simples fato de não haver a necessidade de se expor a uma situação por vezes constrangedora ou até mesmo de risco contribui grandemente para o crescimento vertiginoso de pessoas que recorrem de tal artifício. Tendo em vista a rotina e cobranças às quais somos submetidos,a necessidade de ascenção e aceitação pela sociedade, muitos acabam fazendo uso destas ferramentas para criar seus “mundinhos virtuais” onde tudo podem e através dos quais alimentam e massageiam seu ego, seu lado “narciso”. As redes sociais agem como um filtro que lhes permite refutar qualquer forma de rejeição, bastando clicar em “deletar” ou “bloquear” usuário para devolvê-las à sua condição imaculada.
Douglas de Alencar
As redes sociais, sobremaneira, espelham necessidades basilares das pessoas naturalmente consolidadas pelo imperativo da vida em sociedade, algo há muito estabelecido nas sociedades modernas. As ponderações acerca do processo alienatório detrás das formulações narcisistas são um canal para a relativização, no sentido de que é preciso ponderar acerca do papel socializante dos pequenos instrumentos alienatórios que dão cabo aos modismos e convenções que nos cercam, unânimes ou não.
Parabéns pelo artigo, Luzziane. O exercício do olhar revelador sobre o eu passa pelo reconhecimento das humanidades que existem em cada um de nós.
Cibele Motta
Cuidado! Quem tem muitos amigos no Facebook “pode” ter uma personalidade narcísica. Personalidade narcísica não é alguém que se ama muito, é alguém muito carente! Sabe o que eles fazem para provar que são bons? Quando em qualquer situação acham que estão perdendo, se aproximam dos “objetos” que têm proximidade de alguma maneira com outro, pois precisam sempre aguçar a VAIDADE… TIRANDO vantagens só para provar q são melhores e têm poder além do imaginado. Assim como os posts e fotos que publicam, precisam demasiadamente de autoaprovação para chamar a atenção! O que me leva a perceber que tudo isso é só para mostrar pro público ou seu público a sua “tamanha felicidade e perfeição”.
As redes sociais tal qual os sites de relacionamentos potencializam o que nas pessoas é repetitivo, banal e angustiante: nossa SOLIDÃO e falta de AFETO. Traz um vício como como qualquer outro tipo de droga, às vezes é impossível parar a busca repetitiva. Não quero menosprezar os medos humanos; muito pelo contrário, o medo faz parte das nossas defesas. (Boas qualidades são raras e normalmente são tão tímidas ou discretas quanto a exposição pública).
Cada vez mais conectados e cada vez mais solitários! Na sociedade contemporânea, a SOLIDÃO é como uma EPIDEMIA fora de controle.
PARABÉNS DRª da alma humana, o seu artigo é uma ferramenta da educação. Fala-se tanto em autoestima, mas a educação não deve ser feita só para aumentar nossa autoestima, mas para nos ajudar a enfrentar nossa atormentada humanidade angustiante e insatisfeita.
Thiago Augusto
Muito interessante!
Minha página é um exemplo, rsrsrs, grande parte do conteúdo expressa um grau de descontentamento, protesto ou observações de cunho psicossocial.
Acredito q o crescimento na procura destas páginas pode ter fundamento primeiramente no possível anonimato e na ausência (ou redução) de mecanismos sociais repressores de tais indagações, por exemplo polícia e igreja (pensando históricamente). Tais páginas possibilitam algumas pessoas a desenvolverem e expressarem idéias q em alguns momentos de suas vidas, estão privadas de demonstrarem com tal liberdade. Em certo momento, esta liberdade torna-se comercial.
Enquanto profissionais estudiosos do comportamento, da mente humana, nunca podemos deixar de observar em quais contextos realmente o narcisísmo patológico se manifesta. Quais os motivos e circunstâncias que levam cada indivíduo a se expressar de uma determinada forma nas redes sociais. Pois o indivíduo (a subjetividade) é o objeto de estudo. Diferentemente do contexto social.
Uma coisa é certa, o crescimento destas páginas é realmente acelerado… De algumas forma muitas pessoas, patologicamente ou não, buscam estes conteúdos citados no artigo, que por sua vez, podem representar algo diferente pra cada um de nós.
Parabéns pelas observações e pelos comentários!!!
Abraços!!!