“Nós, psicanalistas,” já não mais acreditamos que a medicação seja um obstáculo em nosso trabalho. Ao contrário, ao nos defrontarmos com depressões, crises agudas, dentre elas o Transtorno do Pânico e psicoses graves, a medicação possibilita que se trabalhe o sintoma, o que acaba por fazer com que o tratamento psicanalítico opere no nível das causas que o originam. O trabalho do psicanalista em parceria com o psiquiatra, em muitos casos se faz necessário. Aliviar o sofrimento ou a angústia não impede que, paralelamente, se desenvolva um processo analítico. A importância de esclarecer este ponto se deve ao fato de alguns pensarem que a angústia é o motor da cura, quando o que impulsiona a cura é o desejo de saber de si. 

DO TRANSTRONO DO PÂNICO

Sentimento súbito de terror, sensação de morte iminente, coração disparado, suor intenso, dores no peito, falta de ar, tontura, podendo vir acompanhado de despersonalização ou irrealidade de alguma catástrofe que a pessoa acredita que vai acontecer! A descrição dos sintomas se encaixa igualmente a descrição de um ataque cardíaco, mas não é. Trata-se de um ataque de pânico.

DA DESPERSONALIZAÇÃO

Faremos uma breve elucidação sobre despersonalização, o que ocorre também no transtorno do pânico. A despersonalização surge como uma desordem dissociativa: – As características essenciais do Transtorno de Despersonalização consistem de episódios persistentes ou recorrentes de despersonalização, caracterizados por um sentimento de distanciamento ou estranhamento de si próprio. – O indivíduo pode sentir-se como um autômato ou como se estivesse em um sonho ou em um filme. – Pode haver uma sensação de ser um observador externo dos próprios processos mentais, do próprio corpo ou de partes do próprio corpo. (De acordo com a última edição da DSM-IV). No entanto, neste artigo vamos abordar o transtorno do pânico que engloba, também, todos os sintomas citados acima.

DA PROBABILIDADE DO TRANSTRONO DO PÂNICO 

“O transtorno do pânico é considerado um problema sério de saúde, que acomete 1,5% a 3% da população mundial. No caso das mulheres, os estudos revelam que elas apresentam duas a quatro vezes mais chances de ocorrências que os homens. Além disso, temos de destacar a significativa presença de uma propensão genética ao transtorno, uma vez que observamos, de forma nítida, maior incidência do transtorno entre pessoas cujas famílias possuem descrições de casos semelhantes”.

Há muito que o transtorno do pânico deixou de ser um diagnóstico de exclusão. Hoje, mais do que nunca, há necessidade de um diagnóstico de certeza para tal entidade clínica.

As pessoas portadoras desse mal costumam fazer uma verdadeira “via-crúcis” a diversos especialistas médicos, e após uma quantidade exagerada de exames complementares recebem, muitas vezes, o patético distanciamento ou estranhamento do “NADA”, o que aumenta sua insegurança e seu desespero.

Todavia, essa situação dramática é reduzida a termos evasivos como: estafa, nervosismo, estresse, fraqueza emocional ou “problema de cabeça”. Isto pode criar uma incorreta impressão de que não há um problema de fato para tal patologia.
Um ataque de pânico é um período inconfundível, de imenso medo ou temor, que atinge o ápice (pico) em dez minutos, e costuma se estender por um total de 40-50 minutos. Ele se constitui em uma das situações mais angustiantes que uma pessoa pode vivenciar.

Durante a crise o paciente não corre o risco de sofrer de um ataque cardíaco ou morrer, embora seja impossível para ele acreditar nisso no momento da mesma. Os prejuízos causados pelo transtorno do pânico modificam toda a existência do paciente, trazendo problemas nos seus relacionamentos interpessoais, principalmente os de caráter afetivo e profissional. Companheiro, amigos e parentes não reconhecem mais a pessoa que antes se mostrava jovial, produtiva, destemida, ao se depararem com alguém dominado pelo medo.

A falta de diagnóstico precoce e tratamento adequado podem fazer com que, gradativamente, o medo e a ansiedade causados pelas crises tomem proporções tais, que seus portadores tornem-se incapacitados para dirigir, frequentar determinados locais (bancos, shoppings etc.) ou mesmo sair de casa. Esta situação de ostracismo forçado pode levar o paciente ao desespero e a pensar em suicídio como opção de acabar com todo esse sofrimento.

DO TRATAMENTO PARA O TRANSTORNO DO PÂNICO 

Existe uma variedade de tratamentos para o transtorno do pânico. O mais importante neste aspecto é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser feito através de medicamentos seguros e que não produzam riscos de dependência física dos pacientes.

“Numa segunda etapa temos que preparar o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto com o paciente uma forma de viver onde se priorize a busca de sua harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem com terapia específica que, deverá ser realizada com esse objetivo”.

CONCLUSÃO

Tendo em vista as particularidades do transtorno do pânico em seus vários aspectos (personalidade do indivíduo, abordagem do paciente, tratamento, diagnóstico precoce, etc.), sugerimos que esse problema deve, preferencialmente, ser tratado por um médico especializado e familiarizado com tal transtorno. Contudo, se faz necessário a terapia, pois só assim, conseguiremos encontrar a causa. Quando a pessoa procura ajuda deve ter consciência do que está fazendo e levar o tratamento a sério. Só assim os resultados surtirão efeitos – para se ter um bom restabelecimento da saúde mental como um todo.

REFERÊNCIAS

Autora, Luzziane Soprani

SILVA, Ana Beatriz Barbosa, Mentes Ansiosas: Medo e Ansiedade Além dos Limite
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