O objetivo deste artigo é tratar da temática da co-dependência, ou seja, daquele que depende dos sentimentos do outro. A co-dependência é uma condição específica de âmbito psicológico, comportamental e emocional, que se caracteriza por uma dependência excessiva de um indivíduo em relação ao outro.
“De acordo com Oliveira (2004), a co-dependência consiste em depender da dependência do outro em relação a si mesmo”.
Muito se fala do dependente e isolam aqueles que estão próximos que recebem influências e sofrem constantemente por sustentar um relacionamento, que as fazem olvidar suas escolhas e prioridades. O co-dependente vive a partir da compreensão do próprio indivíduo que se relaciona – em relação aos seus sentimentos – como o mesmo os percebe e de que forma esses sentimentos determinam sua vida.
MECANISMOS ESTRUTURAIS
Neste estudo, busca-se os aspectos que emergem no processo de percepção do indivíduo sobre seu estado de co-dependência, bem como fazer-nos compreender algumas indagações sobre o indivíduo que sofre por ser enquadrado como co-dependente e a sua percepção a este respeito. De antemão, identifica-se a co-dependência como uma dificuldade no âmbito psíquico. Contudo, entende-se que a co-dependência esta relacionada, também, com as causas estruturais: neurológicas e psiquiátricas.
“O co-dependente não estabelece um vínculo com o outro, ele se aproveita. Portanto sofre e promove o sofrimento justamente por apresentar dificuldade em se relacionar com o outro”. (Zampieri, 2004b).
CO-DEPENDÊNCIA X COMORBIDADES X SOCIEDADE
A co-dependência não é um caso de fácil diagnóstico. Portanto, pretende-se através deste artigo amplificar o olhar dos profissionais, bem como da sociedade na tentativa de desenvolver órgãos especializados e capacitados, a promover atendimentos em regiões menos favorecidas, haja vista os indivíduos que se beneficiam de um bom tratamento, são àqueles que têm maior poder aquisitivo – ficando à sociedade menos favorecida economicamente, desprovida dos cuidados da saúde mental.
Muito se fala sobre a depressão, mas pouco se fala sobre a prevenção da mesma. A família é a base do indivíduo por natureza? Não necessariamente, haja vista muitas famílias se formam de maneira totalmente fragmentada emocionalmente. Dessa forma, a escola é o segundo lugar mais importante para o indivíduo se estabelecer. Porém, não é surpresa alguma, que a maior parte das escolas públicas são carentes até mesmo de material para aprendizado intelectual, assim, formamos uma sociedade totalmente adoecida. Família disfuncional. Escola negligente.
Vale ressaltar, no entanto, que, àquele que paga a sua própria terapia, está à mercê do outro, o menos favorecido, que ficou à mercê de uma sociedade sócio-político-econômica egocêntrica.
DEPRESSÃO
Embora no mês de setembro, celebra-se a campanha para a prevenção da depressão, inclusive, muitíssimo divulgada nas redes sociais, com postagens estratosféricas. No entanto, se não houver uma comoção de âmbito nacional, de forma a se estabelecer mecanismos de atuação concreta, os casos de co-dependência, seja ele sobre o tema do “Setembro Amarelo” e/ou outros temas relacionados as doenças psiquiátricas, onde o co-depende está imerso, porém, invisível, as campanhas ficarão somente no âmbito da teoria.
“Um ambiente perturbador ou em desordem é propício para a existência de um co-dependente, neste caso alguém é afetado por esta desordem e conseqüentemente passa a afetar os demais, e vice-versa. Assim como o ambiente sustenta o co-dependente, este próprio ambiente é o criador do co-dependente” (Ferreira, 2008). Trata-se de dependências paralelas. “Oliveira (2004) explica que o dependente desenvolve uma ligação incontrolável com o seu objeto de desejo e o co-dependente estabelece uma relação incontrolável de sujeição com o outro (dependente)”.
DA CO-DEPENDÊNCIA X COMPULSÕES X TRATAMENTOS
A co-dependência envolve inúmeras doenças, bem como vícios compulsivos: álcool, drogas, compras, sexo, furto, etc. Todavia, esse campo não será explorado, posto que o propósito neste artigo é atentar-se a temática concisa e específica da co-dependência. Deixaremos esse campo em aberto para uma discussão em um próximo artigo, com abordagem específica nesses tópicos.
DA TERAPIA
É muito importante uma equipe terapêutica como ativadora desse processo de competência social. Com todas as áreas de relacionamentos sendo atingidas, inclusive, fortemente a financeira – desencadeia-se muitos sentimentos negativos, bem como angústia, tristeza, medo, ou seja, sentimentos diversos de impotência. Portanto, uma equipe terapêutica, vem para auxiliar nas diversas situações que podem ser enfrentadas.
Sendo assim, fica claro a importância de tratamento para uma sociedade desamparada, uma vez que estão todos reféns uns dos outros.
CONCLUSÃO
Com esse círculo psicossomático, perigoso, exaustivo e interminável, chegamos a conclusão que: a co-dependência não se trata apenas do indivíduo, mas envolve a todos: à família, a escola, os mais próximos do convívio social do mesmo, que, conjuntamente, convivem com o medo, muitas vezes pelos próprios problemas atribuídos a sociedade, porém, co-dependente de sua própria omissão.
Autora, Luzziane Soprani
REFERÊNCIAS
Oliveira, A.P. (2004). Co-dependência é um distúrbio mais frequente do que se imagina. Folha de São Paulo. São Paulo, 12 de agosto de 2004.
Codependência – O Transtorno e a Intervenção em Rede. Editora: Agora, 2004, Zampieri, Maria Aparecida Junqueira
Ferreira, D.E. (2008). Alcoolismo e codependência: A interferência do alcoolismo na dissolução da relação conjugal. Trabalho de conclusão de curso (Monografia). Faculdade do Sul de Santa Catarina, Palhoça.
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