Lealdade e humor tonam a relação mais transparente, saudável e duradoura.

Muitos casais reclamam que em relações duráveis há muitas insatisfações. Uma das maiores queixas é que com o tempo, a carência afetiva se torna vilã da relação.

“Os laços construídos ao redor do amor são dos mais precários; os casamentos por amor duram menos, ao que parece, do que os contratos do passado. E, quando duram, podem doer mais (tipo: nossa vida é um inferno, a gente não se entende, mas ficamos juntos porque nos amamos).” Contardo Calligaris.

Ao observarmos casais que ficam juntos por longa data, demonstrando cumplicidade e bom diálogo – parecem viver em um ambiente sólido e estável – com esta suposta estabilidade os anos se passam e, não raro, perdemos a perpetuação dos parceiros de vista. As sensações dos anos que se passaram para quem os reencontram, é que o casal vive um relacionamento de cumplicidade, e ao reaparecerem, amadurecidos pelos anos, por vezes, com filhos encaminhados na vida, continuam juntos com a mesma postura de se relacionar. Não é só a longa duração do casal que os diferencia, mas a qualidade e a dignidade da vivência. Afinal, as mudanças contemporâneas parecem não os incomodar.

Uma relação durável, obstinada, não é um critério para medir seu sucesso ou predominância absoluta. Quantos casais não prolongam a convivência apenas por falta de opção, por questões sociais, religiosas, financeiras, e, ainda, familiares ou por acreditarem na máxima: “ruim com ele (a) pior sem ele (a)”. Aliás, casais que chegam a dar inveja em muita gente, e que levam consigo o segredo da relação durável e amorosa. Entretanto, há uniões, ainda cheias de vigor, que são destruídas de maneira precoce pelo comportamento imoral de um dos parceiros – ou de ambos ao mesmo tempo. Pessoas leais tratam bem tanto o companheiro quanto o relacionamento.

Todo relacionamento entre casais requer muito empenho. Todos sabem que viver a dois, não é somente romance e paixão à vontade dos nossos desejos. Existem na ficção filmes que nos mostram que, não é apenas o desejo sexual, romance, atração e paixão que os faz sobreviver. Há um filme que se “tornou um clássico” – dos desejos e atrações fulminantes: (9 e 1/2 Semanas de Amor), com Kim Basinger e Mickey Rourke. Toda àquela paixão e atração fulminante não os permitiu ficarem juntos. Eis a subjetividade humana. Contudo, para o amor se solidificar não podemos limitá-lo, mas é preciso uma interação muito mais compreensiva, das nossas subjetividades, sejam elas admiração pelo comportamento, temperamento, bom-caráter, tolerância, paciência, dividir, perder e ganhar espaço ao lado do outro. Efetivamente, lealdade e fidelidade são fundamentos básicos de sobrevivência no relacionamento.

Hoje com a globalização, os caminhos estão abertos para seduções, romances e desamores, sem precisar sair de casa, pois estão expostos nas vitrines virtuais, e por que não reais. Poderíamos dizer que os relacionamentos mediados pela Internet são semelhantes aos que antigamente aconteciam por telefone ou carta, porém mais rápidos e intensos. Isso não quer dizer que agora os sentimentos sejam mais profundos: apenas hoje as trocas acontecem de uma forma mais ágil e frequente. Uma das decorrências desse fato é que os relacionamentos se tornam mais rápidos e fugazes. Mas, se não acreditarmos no amor e nas relações duradouras, estamos à mercê da solidão. Relacionamento: entre casais é via de mão-dupla. “Ninguém produz nada sozinho; é necessário que o outro me questione.” O desejo e o amor podem sempre renascer das cinzas, reacendendo a chama inicial, pois, se é verdadeiro, os princípios básicos jamais deixarão de existir.

O relacionamento de um casal é uma oportunidade para assistirmos à magia que há na vida. Não ocorre muitas vezes na vida, mas ocorre. E para todos, até para os que estão patologicamente impedidos de perceber ou acolher o amor. Deparar-se com “o encontro” não é a parte mais difícil. Difícil é mantê-lo.