“O dominador faz do companheiro um servo dos seus desejos, mas se, desencantar com o objeto do seu amor, deixa de amá-lo.”

O respeito ao companheiro e a capacidade de encarar as dificuldades com bom humor tornam mais simples e iluminam a convivência. Infelizmente, não podemos adquirir essas características ao nosso bel prazer. Dependem da formação psíquica e cultural de cada um. Porém, a consciência de sua importância pode fazer muita diferença em um relacionamento.

Algumas pessoas impõem de tal forma os seus desejos ao companheiro que ele acaba por se anular, tornando-se fraco e desinteressante. Não raro, o comportamento é fruto do medo de perder: tenta-se eliminar do outro tudo que possa atrair os olhares alheios. Com isso, o resultado é que mesmo o próprio olhar dominador vai se desencantar, pois o objeto do amor torna-se desinteressante de ser amado.

Todos nós sabemos que não há receita para um relacionamento a dois. Mas, existem ótimos antixoxidantes, para os radicais livres que, atuam na relação amorosa. São eles: Lealdade e Humor. A lealdade é uma qualidade intrínseca, uma verdadeira compreensão de algo simples: Não se deve fazer mal aos outros. Vem de dentro para fora. Da mesma forma o senso de humor, é uma sofisticação psíquica extremamente saudável.

Uma das armadilhas prediletas do amor-dominador é a exigência de dedicação incondicional do companheiro. De início, a vítima procura resistir, mostrando seus desejos, discutindo, fazendo acordos. Entretanto, se o outro é uma pessoa ardilosa, que manifesta sofrimento diante das frustrações causadas pelos atos afirmativos do companheiro, certamente, o companheiro acaba cedendo, desistindo de seus valores, e de sua maneira de viver. Em nome do amor-dominador torna-se servo. E, quando a mudança acontece, parte do que era atraente nele, bem como os traços de personalidade: a diferença, o desafio, a incerteza, o instigante – sumariamente desaparece. Vale dizer: É chupar a fruta e então cuspir o bagaço!

A pessoa se sente valorizada quando é amada por alguém que admira – e a aprovação dessa pessoa se torna um elemento importante no equilíbrio da relação. Os conflitos muitas vezes surgem do sentimento de que um não está sendo devidamente apreciado pelo o outro. Se o parceiro não tem vontade própria, se concorda com tudo que o outro deseja, desaparece como pessoa e não consegue mais ser admirado. Com isso, o que ele aprova e/ou desaprova deixa de ser importante, pois já não serve mais para sua autoestima e o orgulho de ser um parceiro brioso, pois seus traços de personalidade marcantes sumiram.

É uma situação paradoxal: deseja-se uma pessoa forte, mas se tem medo que essa força atraia outros, provocando abandono. Faz-se então um esforço para dominá-lo até que ele se torne uma criatura fraca, indigna de amor e incapaz de realizar uma parceria produtiva. Isso nos leva a pensar que entre muitos casais a insegurança é um dos componentes que mantêm o relacionamento. Em contrapartida, existe coisa melhor do que viver com uma pessoa leal e bem humorada? Ou estar ao lado de um companheiro que seja capaz de lidar com as chatices da vida com bom humor? Grande qualidade! Poucas coisas valem mais do que isso.

O amor exige concessões de parte a parte. Mas certos princípios e sentimentos básicos pessoais não podem ser abandonados. Sob pena de um desenvolvimento desfavorável da relação e, pior, de uma transformação de um ser humano consistente em uma inconsistência perigosa para o próprio viver.
Pessoas e relacionamentos são de tal forma singulares que não se deve acreditar em receitas prontas. Mas as possibilidades de se preservar e levar adiante uma relação aumentam muito quando a sabedoria e a maturidade emocional a subsidiam.