ESTUPRO COLETIVO

“A maior desgraça de uma nação pobre e que em vez de produzir riqueza, produz risco.” Mia Couto

O presente artigo tem por objetivo enfocar o estupro mais polemizado dos últimos tempos. Isso ocorreu no Rio de Janeiro, e a vítima é uma menor de idade.

Tendo como propósito uma reflexão acerca do papel psicossocial da aprendizagem que começa em casa junto à família, a partir das primeiras relações com a mãe, com o pai e com a família; levanta questões sobre o que é normal e o que é patológico, para então refletir no desempenho do sujeito e o mundo fora do ambiente familiar.

TODO COMEÇO ESTÁ EM CASA

A família é a primeira referência de qualquer pessoa e é reconhecida como um dos pilares na formação do sujeito. Desde o início da sua existência, a criança vivencia um total estado de indiferenciação e o adulto tenta ser capaz de satisfazer todos os seus desejos. Quem cumpre o papel de mãe é que se torna responsável por decodificar as necessidades e satisfazê-las, dentro do possível, frustrando-a quando preciso. A frustração é que permite tomar contato com o senso de realidade e começar a perceber a realidade com o outro. Quando esse vínculo ocorre de forma satisfatória, preenchendo as suas necessidades, essa experiência passa a ser internalizada. Caso contrário, acaba sendo vista como realidade externa ou como momento de ilusão. A convivência com esse outro, nesse contexto referenciado com a mãe, e até mesmo com a cultura, é que será responsável pela conduta dessa criança. Aos poucos a criança sai da posição de plena dependência e parte para o processo de individuação, interferindo, assim, na constituição do sujeito. Ou seja, passa tomar contato com outras pessoas, mas a partir desse momento já teve todas as referências de família, aprendendo como deve se comportar na vida e ter uma vida junto à sociedade de forma saudável. Quando houver dúvidas o sujeito saberá que poderá recorrer ao apoio e afeto da família.

O CASO DO ESTUPRO COLETIVO DA MENINA DE 16 ANOS

Quando paramos para analisar o que de fato ocorreu para se criar tanta polêmica nesse caso da menina que foi vítima de um estupro coletivo por  aproximadamente, 30 (trinta) homens. Percebemos que o caso só veio ao conhecimento da justiça, possivelmente, porque caiu na internet e se tornou público. Pelos fatos que vieram a público – não deixam margem para dúvidas, que a menina de 16 anos, já era vítima do meio em que vive. Mas há muito que se indagar, quando se trata de uma adolescente e menor de idade.

OS PAIS

– Os pais dessa menina, em que lugar se encontravam na vida dela? A menina foi mãe aos 13 anos -, não generalizando, mas meninas que engravidam tão cedo não têm pais presentes que as oriente – ainda assim, em um momento tão crucial na vida de um adolescente – por todas as transformações que passam por essa fase. A criança e o adolescente necessitam de uma família estruturada, para se tornarem cidadãos saudáveis.

– Por que enfatizar o papel dos pais? Porque a estrutura familiar é imprescindível na vida de um adolescente. E pelo que consta dos fatos emitidos pela mídia, a menina era frequentadora assídua dos bailes funks madrugadas adentro – como também, consta dos fatos narrados pela mídia, que a menina, já era usuária de drogas. Percebe-se que tudo começou muito cedo na vida dessa menina.

O presente artigo, não tem pretensão alguma em culpabilizar ninguém. Ou então vejamos: existem tantos culpados antes de chegar a esse estupro.

Evidentemente, que em torno desse caso houve muita “dramatização” – por esse tipo de violência cruel ser velada, posto que ocorrem com muita frequência com crianças e adolescentes -, se considerarmos o quanto essa realidade está à margem da criminalidade, haja vista vemos e sabemos através dos noticiários, que mulheres e crianças são abusadas a todo o momento no mundo inteiro – isso necessita de precaução e muita atenção da sociedade e das autoridades.

A sociedade clama por justiça! No caso desse estupro coletivo, queremos crer que à justiça tome as medidas cabíveis para que outros casos assim, que ocorrem frequentemente sejam respaldados pela sociedade junto à justiça. Esse caso viralizou nos noticiários de televisão e internet, mas há tantos outros casos que acontecem a todo o momento e não vêm a público.
O órgão de defesa às crianças deve ficar atento, também, para o filho dessa menina, pois a criança tem apenas 3 anos. Assim, como todas às crianças que vivem subjugadas “sob” pais inconsequentes e delinquentes.

OS PAIS COMO REFERÊNCIAS DO SUJEITO:

A relação familiar não é só o vínculo que leva ao desenvolvimento das possibilidades humanas, mas que enquanto vínculo, que socializa é, também, um vínculo potencialmente positivo, para internalização de ensinamentos de uma vida saudável, ou, negativo, quando à família é desestruturada, deixando à criança à mercê da sociedade. Pode-se concluir que a relação familiar é quem dá todo o suporte psíquico. Tudo começa a se formar no lar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Concluímos com algumas indagações:
– Como os pais dessa adolescente não se interessavam em ver às fotos e legendas nas suas redes sociais? Fotos tão impactantes!

Percebe-se que todos são perfis da vitimologia de uma Nação pobre e à mercê da miséria.

Todavia, nós enquanto sociedade esperamos que, a justiça, juntamente com os órgãos, bem como conselho tutelar e os direitos humanos trabalhem juntos para uma sociedade mais justa. Contudo, sabemos que, esses sistemas ainda são muito precários. Precisamos de políticas sérias, de leis mais severas e coerentes, diante desses casos de marginalidade. Sabemos que esse assunto é muito debatido, mas providências de fato não são tomadas. A justiça, concomitantemente, é cega, muda e surda em todos esses casos.

Providências autoridades! Nós, enquanto sociedade esperamos que se preocupem menos com seus egos megalomaníacos, através de suas lutas travadas pelo poder a qualquer custo! Precisamos sim, que trabalhem de fato, por essa Nação órfã. Afinal, a função de vossas excelências é cuidar da Nação Brasileira.

REFERÊNCIAS

2. Pichon-Rivière E. Teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes; 1986.

3. Winnicott DW. Tudo começa em casa. São Paulo:Martins Fontes; 1989.

G1 – Rio de Janeiro – 26/05/2016, Vitima de Estupro Coletivo.

www.pepsic.bvsalud.org